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Câmara dos Deputados

Pronunciamento sobre "Bar Bodega - Um crime de imprensa"

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, falo aqui sobre um livro-reportagem escrito pelo jornalista Carlos Dorneles, da TV Globo. O título do livro: Bar Bodega — um Crime de Imprensa.

O livro, escrito em ritmo cinematográfico, mostra um episódio que todos nós de São Paulo conhecemos: um bar em Moema foi assaltado, e a polícia, numa aliança com a política e com a mídia, prendeu 7 jovens, um deles de 14 anos de idade. Sob torturas, eles assinaram a confissão de que foram os responsáveis pelo assalto. Sem provas, o juiz os libertou. Caiu o mundo sobre aquele juiz e aquele promotor, e programas de televisão — Fantástico, Jornal Nacional, Aqui, Agora, Ratinho, Hebe Camargo — mostravam a impunidade e a necessidade da pena de morte e da diminuição da idade penal.

Dois meses depois,foram encontrados os verdadeiros assassinos do Bar Bodega. Foram mortos uma jovem, um engenheiro e outro freqüentador do bar foi ferido. A prisão dos responsáveis não foi noticiada com destaque.
Esse repórter, 10 anos depois, fez uma pesquisa sobre o que tinha acontecido com os 7 jovens: 5 morreram, suas famílias foram desarticuladas, destruídas pela violência e pela pobreza, e apenas 2 sobreviveram. Eles moravam numa favela em Taboão da Serra.

Eis o que diz aqui um juiz de direito sobre o papel da mídia naquele episódio:
De há muito tempo a imprensa afastou-se da função de noticiar o fato e assumiu ares de julgadora, na ânsia desesperada de noticiar escândalos e explorar a miséria humana, sem se dar conta dos seus limites. Passaram a acusar, julgar e penalizar com execração pública. (...) A imagem das pessoas é a matéria-prima da diversão.

Nessa mesma reportagem, Carlos Dorneles diz a um dos meninos: Mas por que você relutou tanto — 10 anos se passaram — em falar comigo? Porque
com a imprensa eu me sinto mais indefeso do que com a Polícia.
Carlos Dorneles conclui o livro dizendo o seguinte: De há muito a fantasia maior, a mentira mais poderosa, o mito mais vulgar é o de que a imprensa só retrata.

Bar Bodega — um crime de imprensa, documentado com a sentença do Juiz e com a acusação do Promotor Público, mostra a manipulação, a precipitação e o julgamento em relação à pobreza, em relação àquele jovem da periferia — uma execração, que levou a 5 dos 7 a desarticularem e morrerem com suas famílias.

Portanto, aqui há os dois aspectos: a violência policial e a tortura. E é detalhada com detalhes aqui no livro a manipulação da mídia. E quando vem a verdade, não há destaque.

Esse tema, Sr. Presidente, é importante para se discutir a questão da violência nas regiões mais pobres deste País.

Para discutir o papel da mídia — que faz o espetáculo, com a mesma facilidade que faz, sai — , não interessa a verdade, o que interessa é o espetáculo da criação para transformar numa punição.

Sr. Presidente, sobre esse assunto só queria terminar registrando um dado altamente positivo no tema da segurança pública. Na pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, nos vários itens de apoio ao Governo Lula, nos vários elementos que mostram que, tanto em relação à pesquisa anterior e essa agora, há uma expectativa de significativa melhoria.
Um dado novo e relevante: a segurança pública melhorou 18,5%, em relação à última pesquisa; em relação a hoje, 25%; a expectativa de que vai melhorar é de 46,8%.

Isso é um fato animador, para que possamos tratar a segurança pública como uma questão de Estado e, ao mesmo tempo, o Congresso tem uma grande responsabilidade nesse sentido.
 
Era o que tinha a dizer.

19 de Fevereiro de 2008

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