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Governo Lula

Entrevista com Ricardo Guedes - Instituto Sensus

A entrevista que reproduzimos abaixo, foi publicada hoje (12/04/07) no Jornal O Estado de S.Paulo. Nela, o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, comenta a pesquisa do instituto divulgada dia 10 (veja aqui), cujos números apontam para uma elevação nos índice de avaliação do governo Lula (49,5%) e também no desempenho do presidente (63,7%).

Sugerimos como leitura porque, mesmo levando em conta algumas divergências naturais de enfoque, essa avaliação (totalmente imparcial, quase técnica) se aproxima muito daquela que temos feito: destaca a importância histórica de Lula, nega o caráter populista de seu governo e reconhece seu conteúdo simbólico.

 

ENTREVISTA

Por que o presidente Lula consegue pairar acima dos erros e das crises do governo?

Minha sensação é que o que ele faz é algo muito mais intuitivo. Ele sabe que sua platéia se sente beneficiada, ou um dia se sentirá. Quando compara o ato de governar com cuidar de uma casa, regar uma planta e esperar a hora dos frutos, ou imagens do futebol, é porque ele é assim mesmo. Ao dizer, por exemplo, que a economia está toda funcionando...

O nome disso não é populismo?

Na creio que seja uma estratégia populista. Por exemplo, ele não faz um governo contra as elites - como faz, claramente, Hugo Chávez na Venezuela. É um governo com políticas conservadoras na macroeconomia. O populismo, de modo geral, tem um discurso de esquerda, práticas à direita e benefícios sociais que mantêm a população sob controle. Acho que a proposta do Lula é muito mais próxima do que foi a formação da social-democracia européia.

O que há de comum, no caso?

Um grande sociólogo, Adam Przeworski, concluiu que partidos de esquerda, no mundo inteiro, para chegar ao poder, tiveram de abrir mão da representatividade da classe trabalhadora. E por quê? Porque essa classe se estabilizou, no século 20, com uns 25% do eleitorado. Pela via democrática, para chegar ao poder, com 50% mais um, faltam 26%. Daí as coalizões, os pactos com liberais e a direita, que ocorreram em tantos países, não só na Europa. No caso do Brasil, se deu na 'Carta aos Brasileiros', da campanha do PT em 2002.

Como isso influi no atual sucesso do presidente Lula?

Ele se transformou em um símbolo desse pacto, que é desejado pela sociedade. Um pacto que mantém o capitalismo, mas segue regras da social-democracia, sem rupturas, para mitigar os efeitos e desvios do mercado. Ele assiste os pobres dentro das regras.

Por que ele não é cobrado pelos escândalos e mazelas do governo?

Porque o povo já desconfiava dos políticos e viu todas aquelas CPIs de 2005 terminarem em pizza. O cidadão olha para o bolso e raciocina: 'Pizza por pizza, fico com quem me ajuda.' O eleitor pratica política de resultados.

12 de Abril de 2007

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