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RAPOSA SERRA DO SOL

Maioria no STF defende demarcação contínua de reserva

Oito dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram ontem pela demarcação contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol. O julgamento da ação foi suspenso depois que o ministro Marco Aurélio Mello pediu vistas do processo. O voto dos outros três integrantes da Corte ainda não tem data para ocorrer. Além de Marco Aurélio Mello, faltam votar Celso de Mello e o presidente do STF, Gilmar Mendes.

A questão essencial discutida é saber se a reserva deve ser dividida em "ilhas", ou seja, áreas separadas, ou se será mantida em uma área contínua. No caso de mantida a continuidade, todos os não-indígenas que ocupam a região, caso de plantadores de arroz, terão de deixá-la.

Deputados do PT elogiaram o resultado parcial do julgamento. "Com essa decisão, o Brasil deu um testemunho para o mundo inteiro de que tem responsabilidade com o resgate histórico de uma população que foi, ao longo de 500 anos, praticamente dizimada. A garantia das terras contínuas não impede a preservação do território nacional. Ao contrário, se a terra é uma reserva indígena, um território que pertence a União e é concedido aos índios, essa reserva permite, por exemplo, que o Exército Nacional estabeleça postos na fronteira", afirmou o deputado Maurício Rands (PE), líder do PT.

O deputado José Genoino (PT-SP) espera que a decisão assegure a paz na terra indígena. "Espero que o posicionamento do STF pacifique o estado de Roraima. Acho que essa demarcação contínua não compromete a soberania das fronteiras brasileiras. Vai se estabelecer uma solução democrática para um conflito na região", afirmou.

Para o deputado Carlos Abicalil (PT-MT), o resultado é motivo de comemoração. "O dia 10 de dezembro, que marca os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é enfim comemorado com um gesto concreto do STF", disse.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) classificou a decisão como "um grande avanço". "Ela garante a nossas populações indígenas o direito de viver de acordo com suas tradições. O STF sinaliza para a retirada dos arrozeiros e a demarcação contínua, aquilo que era o principal foco de enfrentamento", afirmou.

Como o resultado é parcial, ainda não é possível a retirada dos não-índios da área. Votaram a favor da demarcação contínua os ministros Cezar Peluso, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Menezes Direito, Ricardo Lewandoski, Cármen Lúcia e Ayres Britto, relator do processo. Grau atacou os arrozeiros que ocupam a terra indígena, chamando-os de "invasores de bem público". Ele ressaltou que os direitos indígenas estão garantidos pela Constituição.

O ministro Menezes Direito listou em seu voto 18 condições para a demarcação contínua da área. Ele determinou, por exemplo, que seja garantida a atuação dos órgãos encarregados da defesa nacional, com a instalação de bases policiais, e a expansão da malha viária. O ministro ressaltou ainda que Instituto Chico Mendes deve ser responsável pela administração do Parque Ecológico Monte Roraima, que representa 6,72% das terras da Raposa Serra do Sol.

Fonte: Informes do PT

11 de Dezembro de 2008

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