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ENTREVISTA

Genoino critica exageros da imprensa brasileira na cobertura da crise

O deputado José Genoino (PT-SP) fez, ontem (11/12), uma avaliação da leitura da mídia brasileira a respeito da crise econômica e financeira mundial, inclusive seus reflexos no Brasil, e chegou a uma conclusão: a cobertura da grande imprensa nacional tem sido marcada por exageros, equívocos e espetacularização da notícia.

"A economia trabalha muito com expectativas, mas ao se produzir espetáculos negativos, eles entram como coadjuvantes da realidade e podem piorar a crise", afirmou o petista. Genoino acredita que por trás de tudo esteja a rejeição da grande mídia nacional ao sucesso do governo Lula.

Leia abaixo integra da entrevista concedida por Genoino ao Informes.

Informes - Qual a sua avaliação do papel que a mídia vem desempenhando nos desdobramentos da crise financeira mundial?

Genoino - A mídia brasileira tem feito a cobertura da crise pela via especulativa. Tudo é um grande espetáculo, e o espetáculo precisa ser exagerado. Devido a isso, entra um segundo fator, que é a torcida contrária ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, o espetáculo da cobertura da crise, entra como um ingrediente ideológico de uma rejeição por parte da grande imprensa ao presidente Lula. Se a economia brasileira não tem se abalado com a crise, é porque o governo Lula adotou medidas, desde o início do primeiro mandado, para prevenir o País de eventuais recessões mundiais. Na tentativa de encobrir essa realidade, as avaliações positivas de empresários e de instituições internacionais não têm tido espaço na mídia nacional.

Informes - Esse comportamento da mídia pode agravar os efeitos da crise no Brasil?

Genoino - A economia trabalha muito com expectativas, mas ao se produzir espetáculos negativos, eles entram como coadjuvantes da realidade e podem piorar a crise. As informações não são precisas e isso acaba virando uma torcida, semelhante à cobertura de uma campanha política. Todos os comentaristas mais expressivos do País trabalham com a idéia de que a crise vai derrubar o prestígio do presidente Lula. Isto está na subjetividade dos artigos e comentários publicados diariamente. Há uma torcida do contra. Para uma crise como esta, não se pode culpar governos anteriores, nem também podemos apostar no quanto pior melhor. Como essa crise trabalha muito com expectativas de juros, com expectativas do consumidor, a cobertura que a mídia faz, acaba colaborando para piorar as condições do País.

Informes - O IBGE anunciou o aumento de 6,3% no Produto Interno Bruto (PIB). Foi a maior taxa acumulada em 12 meses desde o início da série, em 1996. No trimestre, o crescimento foi de 6,8%, mais alto do que se previa. Como a imprensa tem tratado todas essas notícias boas?

Genoino - No caso do crescimento do PIB, a imprensa fez as seguintes manchetes: PIB cresce antes dos efeitos da crise; PIB é velho; o crescimento está freado pela crise. Na verdade, o crescimento anunciado de 6,3% do PIB é ótimo, e como disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, isso dá musculatura para o Brasil enfrentar melhor os reflexos da crise. Há uma grande diferença entre a mídia nacional e a mídia internacional sobre a crise. A imprensa internacional, nas suas manchetes, nos seus colunistas, dá uma cobertura ao governo brasileiro que é contraditória com a cobertura da mídia nacional.

Informes - Na sua avaliação, qual a dimensão real dos reflexos da crise no Brasil?

Genoino - As medidas adotadas ao longo dos seis anos do governo Lula protagonizam uma grande prevenção aos efeitos da crise. O aumento das nossas reservas, a relação dívida pública e o PIB, o prestígio do Brasil no exterior, o aumento das exportações, os programas de investimentos e os crescentes investimentos estrangeiros no setor produtivo brasileiro são fatos. Os efeitos da crise no Brasil estão sendo um dos menores entre todo os países emergentes. Isso é fato e pode ser constatado em qualquer jornal estrangeiro. Não estou contra a divulgação de notícias sobre a crise, mas não se pode especular da forma que vem ocorrendo no Brasil. Isso é ruim para a democracia, cria pavor, medo e gera negativismo na população. O presidente Lula está certo com o seu otimismo, quando ele prega que o País está forte e tem boas condições para enfrentar a crise.

Informes - A crise já chegou no dia-a-dia dos brasileiros?

Genoino - Não. Neste fim de semana eu ouvi o seguinte comentário de um cidadão que foi às compras em São Paulo: "Bem, a gente lê os jornais e assiste aos noticiários da TV e fica com a impressão de que o país está na lona. Mas na vida real, a situação continua boa". Essa reflexão tem que ser feita, estão politizando o negativismo em relação à crise para torcer contra o governo Lula. Se a crise realmente tivesse afetado a economia brasileira, com retrata a imprensa, estaríamos numa grande recessão, teríamos muitos trabalhadores desempregados, grandes empresas fechando, uma inflação descontrolada e um crescimento econômico de zero para negativo. Isso retrataria o clima que a mídia vem publicando. A legitimidade dessa cobertura está sendo questionada pela vida real das pessoas.

Fonte: Informes do PT na Câmara

12 de Dezembro de 2008

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