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SEMINÁRIO

Indústria aeronáutica destaca caso de sucesso na área de Defesa

A indústria que participa de projetos de cooperação só pode ser forte quando a tecnologia é incorporada no desenvolvimento completo de produtos, segundo o presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Walter Bartels. Ele participou nesta terça-feira doo seminário Estratégia de Defesa Nacional e a Indústria Brasileira, promovido pela Comissão de Relações Exteriores.

Na avaliação de Bartels, a incorporação de tecnologia na área aeronáutica brasileira é um caso de sucesso por causa da cautela utilizada nos contratos, que previram a transferência de tecnologia. Em 2009 o faturamento do setor, comandado pela Embraer e com 90% de exportações, deve faturar 7,5 bilhões de dólares.

O cerceamento de tecnologias é o principal ponto que precisa ser combatido pelo governo na hora dos contratos. "E essa é uma via de mão dupla. O Tucano [avião criado no Brasil] foi fabricado na Inglaterra sob licença da Embraer e com transferência de tecnologia brasileira", disse.

Integração sensível

Segundo o presidente da Atech, Tarcísio Takashi Muta, as instituições que fazem a integração de sistemas de defesa importados para uso no Brasil são estratégicas, porque tratam de temas sensíveis, e não podem ser empresas tipicamente privadas, que visam apenas o lucro.

A Atech foi a integradora brasileira do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), que já se transformou em uma exportadora de tecnologia, principalmente na área de controle de tráfego aéreo.

Ele ressaltou experiências de sucesso, como os projetos Cindacta e Sivam, que renderam ao Brasil domínio da tecnologia de controle e navegação. Atualmente a empresa está atuando junto ao projeto P9, que desenvolve aviões de patrulha marítima para a Marinha.

Segundo ele, o governo precisa assegurar esse modelo, em que a entrega do produto final depende do contrato de absorção de tecnologia. Técnicos da empresa incorporadora acompanham todos os passos e desenvolvem os produtos juntamente com os técnicos estrangeiros. "Temos inclusive competência para desenvolver os próximos passos, como a navegação por satélites", disse.

Tecnologia e empregos

O fundador e ex-presidente da Embraer, Ozires Silva, disse que há uma ligação direta entre necessidades das forças armadas e a geração de tecnologia e de empregos.

No mundo todo, observou Ozires, a experiência é de que a defesa influencia a inovação tecnológica, com a crescente sofisticação de suas demandas, e esse conhecimento é repassado para a indústria doméstica, com grandes oportunidades de exportação.

O caso da Embraer é exemplar, diz Ozires Silva, porque conta uma história. Primeiro com a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que desenvolveu a tecnologia, e depois com o apoio da Força Aérea Brasileira, que criou as demandas e sustentou os primeiros passos da empresa quando ela ainda era estatal. Atualmente, a empresa, que tem participação do Estado, vende aviões para 70 países.

Visão equivocada

Ozires fez uma avaliação sobre a opção em sua visão equivocada das Forças Armadas de comprar equipamentos usados, durante as últimas duas décadas. Por questões orçamentárias, passou-se à compra de materiais usados de outros países, ou diretamente de fornecedores externos sem impostos e com financiamento estendido.

Com isso, na avaliação de Ozires Silva, as empresas brasileiras do setor desapareceram. "Não dá competir com produtos usados, e se não há encomenda das Forças Armadas, não há indústria", disse.

Para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, as Forças Armadas se viram obrigadas a fazer "compras de ocasião", mas que a intenção do governo é rever todas as políticas de compra. E segundo Walter Bartels, realmente a estratégia de governo foi melhor elaborada que se a indústria tivesse escrito, atende a todas as necessidades do setor, mas precisa ser colocada em prática.

Fonte: Agência Câmara

07 de Abril de 2009

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