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ECOS DO ARAGUAIA

Sobrevivente, deputado fez contato com familiares

A tarde estava fria e chuvosa, típica do inverno gaúcho. Após 20 horas de viagem de São Paulo até Porto Alegre, o ex-guerrilheiro José Genoino desembarcava na rodoviária da Capital com uma missão a cumprir: relatar para Ermelinda MassaFerro Bronca como haviam sido seus últimos dias de convivência com um dos filhos dela, José Huberto Bronca, companheiro na Guerrilha do Araguaia.

Bronca, conhecido como Fogoió, fora capturado vivo em abril de 1974 e executado pelos militares que combatiam o movimento armado instalado por radicais de esquerda no sul do Pará. Após deixar a prisão, em 1977, Genoino começou a procurar os familiares dos companheiros para contar a versão dos guerrilheiros. A família de Bronca recebeu a visita no inverno de 1980. Vinte e nove anos após o encontro, as lembranças da visita à mãe de Fogoió seguem gravadas na memória do agora deputado federal pelo PT de São Paulo. Também estão expostas em papel já amarelado pelo tempo. A data exata acabou sendo esquecida, mas a carta escrita como agradecimento é, hoje, parte da história.

“Continuo guardando todas as lembranças daquela feliz viagem e dos momentos que ficamos juntos. Principalmente a sua força, amizade e a lucidez para compreender as coisas. Espero ter a oportunidade de reviver aqueles momentos”, escreveu Genoino, em uma carta endereçada a Ermelinda em 1º de novembro de 1980.

Em visita ao Estado, Genoino se emocionou com fotografias

O material escrito de próprio punho pelo sobrevivente do Araguaia foi entregue ao acervo do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul pela família de Fogoió. Só com a mãe de Bronca, Genoino trocou, no mínimo, três cartas. Material que, até então, era de conhecimento exclusivo dos familiares. Saudosista, Genoino lembra detalhes da visita.

– Ela (Ermelinda) me protegia muito. Parecia minha mãe. Eu falava do Bronca, e ela se emocionava. Pedia para eu repetir. Aí, ela me trazia roupas dele, fotos para eu ver. Ela queria saber detalhes sobre a saúde dele. Foi muito emocionante – recordou o deputado, após ser informado da existência dos documentos.

A visita a dona Ermelinda se repetiu em 1984, tão rápida quanto a primeira. Foi apenas um dia que, segundo Genoino, era tão frio quanto aquele de 1980. Dos encontros, o deputado guarda até hoje os presentes: uma camisa e uma caneta, “daquelas bem simples”, explica o deputado:

– Mas que ainda funciona muito bem – garante.

Fonte: Zero Hora

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