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ARAGUAIA

Governo diz que identificou a ossada de um guerrilheiro

De 12 ossadas já achadas, só duas foram identificadas; restam ainda 55 desaparecidos

Secretário Paulo Vannuchi confirma que a ossada X-2 é do guerrilheiro do PC do B Bergson Gurjão Farias; Folha antecipou notícia em maio

O governo anunciou ontem que identificou as ossadas do guerrilheiro Bergson Gurjão Farias depois de 37 anos que ele foi dado como desaparecido no Araguaia. Os restos mortais de Farias foram achados em 1996 no cemitério de Xambioá (PA).

A ossada passou por exames de DNA nos últimos 13 anos, mas nenhum tinha sido conclusivo. Farias é a segunda pessoa identificada dos 67 desaparecidos no Araguaia. Até então, só a ossada de Maria Lúcia Petit havia sido identificada. Enterrada no cemitério de Xambioá, a sua ossada foi encontrada em 1991 e identificada em 1996.

Quando desapareceu, Farias tinha 25 anos. Ele era líder estudantil e cursava Química na Universidade do Ceará. Militante do PC do B, foi para o Araguaia entre 1969 e 1970.

Seu sumiço foi denunciado pelos então presos políticos José Genoino e Dower Cavalcante. Genoino afirmou, na época, que durante interrogatório lhe mostraram o corpo de Farias com várias perfurações.

Na edição de 13 de maio deste ano, a Folha revelou que os peritos que examinaram a ossada, batizada de X-2, concluíram que ela tinha características físicas idênticas às de Bergson Farias, morto em 1972. Para oficializar a perícia só faltava um novo exame de DNA.

O secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, que anunciou a identificação, disse que só agora foi possível ter resposta conclusiva porque o governo recorreu a um novo feito no Laboratório Genomic de Engenharia Molecular, em São Paulo -que custou R$ 3.000 e demorou cinco semanas para ficar pronto.

A identificação de Bergson representa "o direito humanitário de entregar os restos mortais à família" e "a vitória de direitos humanos", disse o deputado José Genoino (PT-SP). Vannuchi revelou ter conversado por telefone ontem com Tânia, irmã de Farias: "Ela me disse que a sensação da família é de profundo alívio. Sua mãe tem 90 anos e disse que não queria morrer antes de enterrar o filho".

Os restos mortais de Farias foram encaminhados a Fortaleza, onde mora sua família, para o funeral.

Dos 67 desaparecidos na guerrilha do Araguaia, 55 ainda não foram encontrados. Doze ossadas, supostamente de desaparecidos, foram achadas nos últimos 18 anos -11 delas estavam no cemitério municipal de Xambioá.

Oito estão sendo analisadas pelo Laboratório Genomic, que identificou a ossada de Farias. Os resultados devem ser apresentados em agosto.

Uma outra ossada, encontrada na Reserva Indígena dos Suruí, está sob a guarda do IML de São Paulo. Suspeita-se que parte dessa ossada seja de José Francisco Chaves, morto em 1972. O governo, no entanto, não encontrou familiares, o que impede a coleta de amostras de sangue de parentes.

A Secretaria de Direitos Humanos calcula que o país tenha 108 desaparecidos políticos relacionados a operações e guerrilhas do período da ditadura.

Pronunciamento

Confira aqui o pronunciamento de José Genoino sobre o fato e nota feita pela SEDH.

Fonte: Simone Iglesias - Folha de S.Paulo

08 de Julho de 2009

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