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Direito à memória e à verdade

Homenagem a Bergson Gurjão Farias, guerrilheiro do Araguaia

A Universidade Federal do Ceará, em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidênmcia da República, prestam homenagens a Bérgson Gurjão Farias, líder estudantil morto durante o período da ditadura militar.

A homenagem contará com a presença do ministro Paulo Vannuchi e do deputado federal José Genoino, ex-companheiro de militância. No dia, também será inaugurado o na universidade o Memorial Pessoas Imprescindíveis.

O ato será realizado no dia 6 de outubro, no Ceará, a partir das 13h30. Às 15h, serão realizadas homenagens na Concha Acústica da Reitoria da UFC (av. da Universidade, 2853 – Benfica). Às 17h acontece o funeral no cemitério Parque da Paz (av. Presidente Juscelino Kubitschek, 4454).

Direito à memória e à verdade – aos que morreram na luta por um Brasil livre

A data exata do desaparecimento de Bérgson, líder estudantil cearense e guerrilheiro do Araguaia, entre maio e junho de 1972, perdeu-se no silêncio dos que o mataram. Sua morte, porém, já era conhecida há muitos anos. Documentos oficiais registram que teria morrido metralhado. Presos políticos afirmaram ter visto seu corpo pendurado em uma árvore de cabeça para baixo, sendo espancado por agentes das forças repressivas. Dois ex-companheiros de militância – José Genoino e Dower Moraes Cavalcante – denunciaram nos jornais o assassinato.

Bérgson permaneceu, então, na lista dos desaparecidos políticos do Brasil. Em 1996, seus restos mortais haviam sido resgatados no cemitério de Xambloá e trazidos para exames de identificação em Brasília. Em junho de 2006, finalmente, um novo exame de DNA resultou em conclusão positiva na comparação com material genético de familiares. Somente depois de 37 longos anos, sua família, seus amigos e admiradores conseguem finalmente traze-lo de volta para o sepultamento, em 6 de outubro de 2009, no Cemitério da Paz, na capital cearense.

Nascido em Fortaleza no dia 17 de maio de 1947, filho de Luiza Gurjão Farias e Gessiner Farias, Bérgson foi um jovem ainda lembrado com muita emoção por todos que o conheceram. Atou no Movimento Estudantil quando cursava química na Universidade Federal do Ceará. Foi vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes em 1967, sendo preso durante o 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), em outubro de 1968. Em conseqüência, acabou expulso da Universidade com a aplicação do famigerante Decreto 477. Ainda em 1968, no Ceará, sofreu grave ferimento na cabeça quando participava de um protesto estudantil. Julgado pela Justiça Milita um ano depois, foi condenado a dois anos de prisão. Militante do Partido Comunista do Brasil, passou a atuar na clandestinidade, transferindo-se para Caianos, na região do Araguaia.

Sua dedicação generosa à luta pela democracia e pela justiça social seguirá inspirando todos os que sonham com a construção de um Brasil livre de todas as dominações e violência. O retorno de seus restos mortais ao Ceará reforça o compromisso de seguir na busca dos mais de 140 brasileiros e brasileiras que foram mortos pela repressão do regime ditatorial, sem que suas famílias tenham obtido, até hoje, o direito milenar e sagrado de prantear seus entes queridos, promovendo digno funeral. Morreram lutando pela liberdade que hoje o País desfruta e sonhando com os ideais de igualdade que seguem nos impulsionando.

02 de Outubro de 2009

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