Opinião

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O PT e as eleições municipais de 2004

O PT já começou a definir sua estratégia para as eleições municipais de 2004. Será uma experiência inédita para o Partido: pela primeira vez disputará uma eleição municipal na condição de ser governo federal. Assim, o PT precisará levar em conta algumas variáveis que nunca estiveram presentes, para o Partido, nas experiências de eleições municipais pregressas. A principal variável nova que deverá ser levada em conta consistirá em que o conjunto do Partido e os candidatos a prefeitos e vereadores terão que defender o governo Lula. Qualquer vacilação nesse aspecto poderá colocar o Partido e os candidatos numa posição defensiva.

Mas seria um erro supor que o eixo central das campanhas municipais será o debate em torno do governo federal. O eixo central será a questão local, a busca de saídas para os problemas enfrentados pelos municípios. Os eleitores estarão interessados em eleger bons prefeitos, não em julgar o governo Lula. Por isso, a prioridade dos candidatos do PT deverá consistir em apresentar soluções inovadoras e exeqüíveis para os problemas de cada município.

Questões como desenvolvimento local, saneamento, transporte público, educação, saúde, políticas sociais, meio ambiente, segurança, urbanismo, entre outras, estarão no centro das preocupações do eleitorado. É para essas questões que os candidatos do PT devem procurar apresentar respostas consistentes. Mas na medida em que o governo Lula tenderá a ser atacado pelos adversários, os candidatos do PT devem estar preparados para defendê-lo.

Sem deixar de priorizar as especificidades locais, os programas dos candidatos do PT deverão incorporar aspectos gerais, comuns a todas as candidaturas. Ou seja, as campanhas do PT deverão ter uma face nacionalmente unificadora. Esta dimensão unitária será importante para não fragmentar e descaracterizar o PT como um partido nacional.

Vencer as eleições municipais deve constituir-se no objetivo central do PT no próximo ano. Esse objetivo central comporta uma série de objetivos secundários como suporte. Esses objetivos-suporte podem ser definidos como: vencer as eleições nas prefeituras em que o PT governa, ampliar a presença do PT nas capitais e nos grandes centros urbanos, irradiar a presença do PT nos pequenos e médios municípios, multiplicar o número de vereadores petistas, fortalecer os partidos da base aliada do governo Lula e aumentar o apoio político e social ao governo federal. A estratégia do PT consistirá em expandir a presença política e institucional do Partido por todo o País, enraizando-o ainda mais na sociedade e nos movimentos sociais. Esta estratégia está orientada pelo princípio de que a consolidação e o aprofundamento da democracia requerem partidos fortes e representativos do eleitorado.

Nas eleições do ano que vem, o PT dará continuidade à política de alianças amplas que vem desenvolvendo nos últimos anos. Essas alianças, no entanto, deverão ser definidas a partir de critérios. Dois critérios gerais devem balizar as alianças do PT: a) partidos que fazem parte da base de sustentação do governo Lula; b) o PT deverá levar em conta a conduta ética e democrática dos candidatos a prefeitos ou vices de outros partidos com os quais vier a se aliar. Alianças com partidos que se situam fora da base de apoio do governo Lula deverão ser referendadas pelas instâncias partidárias superiores – Diretórios Estaduais e o Diretório Nacional.

A política de alianças do PT com os partidos da base aliada, evidentemente, não será linear. Isto significa que devem ser respeitadas especificidades locais e regionais. Em muitos casos, os partidos da base aliada serão concorrentes entre si ou farão parte de alianças concorrentes. Onde não for possível o entendimento com esses partidos no primeiro turno, o PT deve esforçar-se para formalizar acordos visando o segundo turno. O PT deve reivindicar a cabeça de chapa onde tiver força, legitimidade e candidatos competitivos, mas deve saber ceder onde essas condições são mais favoráveis a candidatos de partidos aliados.

Por fim, entendemos que as eleições municipais de 2004 devem constituir-se num momento inovador do debate e da busca de soluções para os problemas das cidades. As cidades, os municípios, são o lugar onde as pessoas trabalham, se divertem, sofrem e vivem. Os grandes problemas e desafios do Brasil não terão solução sem enfrentar os pequenos e grandes problemas das cidades. Os municípios devem jogar um papel decisivo na solução dos desafios do desenvolvimento sustentável, dos dramas e da inclusão social, do meio ambiente e do aperfeiçoamento da democracia. A busca de um modelo político mais participativo, capaz de ampliar os direitos sociais e civis dos cidadãos, tem nos municípios seu lugar privilegiado de construção.

13 de Novembro de 2003

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