Opinião

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A campanha de filiação do PT

O PT está abrindo uma campanha nacional de filiação de novos militantes. Essa campanha tem dois objetivos centrais: o estreitamento dos vínculos entre as estruturas partidárias de direção com os militantes filiados e a expansão da força organizada do partido para novos setores sociais. A campanha está sendo orientada pelo princípio de que o fortalecimento e a expansão do PT não podem descaracterizá-lo quanto às suas regras de funcionamento, ao seu estatuto e ao seu programa.

O que se procura evitar é um crescimento artificial do partido. Apesar do PT estar no governo federal e, em tese, ter se tornado um partido atrativo, até agora, foram filiados apenas dois prefeitos que se elegeram por outros partidos. As filiações foram precedidas de avaliação rigorosa quanto à compatibilidade política e de conduta pregressa dos novos filiados em relação aos valores e procedimentos defendidos pelo PT. Nas bancadas da Câmara e do Senado não houve o tradicional inchaço que os partidos vitoriosos costumam promover.

A campanha de filiação que está sendo promovida pelos diretórios volta-se, especialmente, para o objetivo de consolidar a presença do PT nos movimentos sociais e para expandir sua presença em novos setores da sociedade. Um dos focos importantes dessa campanha é a juventude, pois o PT precisa passar por um processo de rejuvenecimento, trazendo para seu interior as inquietações e perspectivas das novas gerações e apostando no seu futuro. Ao buscar novos setores sociais, sempre na perspectiva de se renovar sem se descaracterizar, o PT quer aumentar também seu grau de pluralidade interna. Quer que a pluralidade social e cultural da sociedade brasileira se reflita dentro do partido para que ele possa interpretar melhor os interesses, as perspectivas e as esperanças do nosso povo.

Com o recadastramento dos atuais filiados, o PT quer tanto dinamizar sua comunicação com a militância, quanto ampliar a perspectiva de sua participação nos diversos eventos partidários. A relação das instâncias partidárias com os filiados não pode ser meramente cartorial ou burocrática. Ela deve ser uma relação ativa e participativa. Esta é a única forma de impedir a ossificação e o esclerosamento do partido. É a única forma de mantê-lo vivo e impedir sua corrupção interna.

Ao instituir as eleições diretas para todas as instâncias de direção, o PT foi o único partido que deu poder efetivo aos filiados e democratizou de forma radical suas relações internas. Com isso, a disputa interna pelas direções tornou-se uma disputa real, que independe dos esquemas burocráticos. O fato de a disputa interna pelas direções ter-se tornado fluida, democrática e aberta reforçou o princípio da fidelidade e da unidade de ação a ponto de ele ter se tornado um preconceito da própria militância. Hoje, é praticamente impossível um dirigente, um parlamentar, querer passar incólume, aos olhos da militância, na infringência da fidelidade e unidade de ação. Isto, contudo, não afetou a ampla liberdade de opinião que o Partido sempre cultuou em sua tradição.

O PT vive um novo momento de sua história. Recebeu do povo a determinação de ser um partido de governo, de governar o Brasil com o presidente Lula. O partido vive, portanto, uma condição ambivalente: é um partido da sociedade e é um partido de governo. Como partido da sociedade tem autonomia para propor, negociar, reivindicar e mediar relações, propostas programáticas e interesses. Como partido de governo, mandatado pelo povo, tem a obrigação e a responsabilidade de apresentar soluções e sustentar politicamente o governo.

O PT sustenta a concepção de que uma democracia estável e eficaz depende de um sistema partidário forte e de partidos socialmente enraizados e representativos do eleitorado. É por isso que a relação das instâncias de um partido com suas direções e militância não pode ser gelatinosa, frouxa. Essa relação deve estar implicada num sistema de direitos e deveres partidários. A contribuição que o PT cobra de seus militantes, de seus parlamentares e de filiados que ocupam cargos de assessoramento ou representação inscreve-se neste princípio funcional de um sistema de direitos e deveres.

18 de Setembro de 2003

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