Opinião

Versão para impressão  | Indicar para amigo

A ética e a coerência do PT

O PT não nega que o escândalo envolvendo o ex-assessor Waldomiro Diniz é sério, inaceitável e que precisa ser investigado. Todas as medidas cabíveis ao caso foram tomadas pelo governo com a demissão, com o encaminhamento do caso à Polícia Federal e com a instauração de uma Comissão de Sindicância interna para apurar as atividades do ex-assessor no Palácio do Planalto. O que o PT não pode aceitar é a ação deletéria e o ataque sistemático, por setores da oposição e da mídia, que tentam apagar a idéia de que o Partido não tem um compromisso com a ética na política e que está travestido pela incoerência por ter chegado ao poder.

Estes setores, na verdade, querem criar um ambiente permanentemente noturno na política brasileira, no qual todos os gatos pareçam ser pardos. A noite dos gatos pardos é propícia às indistinções, ao afrouxamento dos compromissos éticos à negligências no combate às práticas corruptas. Este jogo o PT não aceitará. O PT nunca reivindicou para si o monopólio da moralidade pública. O que sempre afirmou é que o seu compromisso com a ética na política e com a moralidade pública é irredutível. Os outros partidos são livres em escolherem os seus compromissos fundamentais. O que importa é que cada um siga o seu e que a sociedade julgue as escolhas e as atitudes de cada um. O que o PT não pode aceitar é ser julgado por coisas que não fez por omissões que não existem.

A história do PT é um atestado do seu compromisso ético e de sua coerência. Não foi por ter chegado ao poder que o Partido abriu mão desses valores. Testemunha disso é a resolução do Diretório Nacional do PT, aprovada em dezembro de 2003, há apenas dois meses atrás. Diz o texto: "As exigências de ética na vida social e de moralização na vida pública são tão fortes que a opinião pública não está mais disposta a tolerar desvios de conduta, desperdícios de recursos. Por isso, o governo deve ficar sempre vigilante quanto a desvios éticos e às pequenas e grandes benesses do poder. Práticas dessa natureza são incompatíveis com um partido que fez e faz da luta por moralidade pública um campo de batalha. São incompatíveis com um governo que luta contra as brechas da corrupção. O nosso governo deve aprofundar o sentido republicano do Estado, valorizando cada bem público, cada centavo arrecadado, através do combate ao desperdício e da prestação de contas transparente de todos os gastos".

O PT desafia os colunistas políticos e a oposição a encontrarem nos partidos que governaram no passado uma advertência de tal magnitude aos seus próprios governos. E desafia também a encontrarem nos governos passados exemplos de agilidade como agiu o governo Lula, adotando medidas eficazes para que o caso seja esclarecido, sem tergiversações e sem manobras protelatórias. O PT, como um partido amplo e de massas, não está a salvo de que filiados seus comentam ilícitos éticos e penais. O que o PT sustenta é que, pelo seu compromisso inarredável com a ética e a moralidade públicas, não será condescendente com essas práticas.

Na sua história de oposição, o PT formulou muitos pedidos de abertura de CPIs. Mas em nenhum deles estavam envolvidos fatos que tivessem acontecido fora do governo em questão. Os registros estão aí para mostrar que nos casos Collor-PC Farias, Sivam, Eduardo Jorge Caldas, privatizações, Proer, pasta rosa, reeleições etc, os pedidos se referiam a acontecimentos ocorridos sob os governos do momento.

Os críticos do PT chegam a acusar o Partido pelo fato da reforma política não ter sido aprovada até hoje, condição que poderia evitar o surgimento de casos de corrupção relacionados a arrecadação de fundos de campanhas. Na oposição, o PT foi o partido mais veemente em pedir uma reforma política que viabilizasse o financiamento público das campanhas. Agora, no governo, o PT apoiou o relatório do deputado Ronaldo Caiado que viabiliza essa proposta. O esforço do Partido consiste em que a reforma seja aprovada ainda este ano, junto com a reforma do Judiciário. O PT, no poder, está viabilizando, em pouco tempo, a aprovação de reformas que os outros não conseguiram aprovar em vários anos de mandato.

O PT quer, está lutando e vai lutar para vencer o desafio de mudar o Brasil. Não será uma barragem de críticas inconseqüentes que deterá o Partido no seu ânimo de aprovar reformas políticas e institucionais moralizadoras, democráticas e republicanas. Não serão casos episódicos que desfibrarão o PT na sua determinação de manter erguida e visível a bandeira da luta pela ética na política. O PT sabe que a política é feita de lutas amargas e contundentes. Mas aridez dessas lutas não será capaz de quebrar as vontades de líderes partidários, como José Dirceu, e de militantes imbuídos pelo espírito transformador dos valores da liberdade, da igualdade e da justiça social. Esse momento por que passa o Partido e o governo do presidente Lula haverá de temperar ainda mais as vontades dos integrantes do PT porque o seu compromisso é o de tornar reais as esperanças que o povo deposita em nós.

25 de Fevereiro de 2004

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: