Opinião

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O vigor e a maturidade do PT

Ao completar 24 anos, o PT agrega duas qualidades que consideramos essenciais na atividade política: o vigor e a maturidade. O PT é um partido vigoroso porque, mesmo ao ter chegado ao poder, não deixou e não deixará de receber os influxos das energias ativistas dos movimentos sociais e da juventude. São estas energias que conferem ao partido uma dupla capacidade: a da transformação e a da renovação. No quadro partidário brasileiro, é o PT quem encarna as esperanças e as perspectivas de transformação da realidade social, econômica e política do País. A idéia da transformação é, ao mesmo tempo, necessidade dos movimentos sociais e sonho da juventude. Nós, dirigentes do PT, lutaremos para que esta síntese enérgica do partido não se perca nos meandros do poder, nas imposições do pragmatismo e nas exigências de resultados.

O PT é um partido maduro porque é composto por uma militância experimentada e calejada nas lutas sociais e políticas e por dirigentes experientes. Esta composição faz do PT um partido responsável perante a sociedade, sereno diante das dificuldades na busca de objetivos e arrojado no enfrentamento dos grandes desafios que lhes são postos pela realidade e pelas contingências da vida. Pode-se dizer que o PT se move pelo equilíbrio entre sensatez e ousadia. É esta sabedoria prática e teórica do PT que faz de sua trajetória, desde sua fundação até hoje, uma trajetória vitoriosa. Ao chegar à presidência da República, pináculo do poder que um partido pode almejar no Brasil, o PT não se acomoda à situação. Pelo contrário, amplia sua força na sociedade, sua organização interna e sua profissionalização. Faz isso sem deixar de incorporar a força que vem da militância e dos movimentos sociais. Isto faz do PT um partido de representação de interesses reais de vários grupos sociais.

O PT alcançou a maturidade também porque compreendeu que não realizará as transformações sozinho. Outros partidos agregam impulsos transformadores. Daí o PT percebeu não só o caráter processual das mudanças, mas a necessidade de promover alianças para realizá-las. Para o PT, as alianças não são meros arranjos fundados em interesses fisiológicos. Antes de tudo, as alianças para os petistas são expressões de imperativos programáticos. Mas o realismo nos faz reconhecer que nas alianças partidárias estão implicados interesses particulares dos partidos. Seria hipocrisia ou ingenuidade não reconhecer este fato. A crítica meramente moralista a esta condição perde a perspectiva do interesse público efetivo que está subjacente às alianças.

Por representar os interesses reais de grupos sociais economicamente subalternos, de grupos socialmente excluídos, dos trabalhadores e de setores da classe média, o PT é um partido de esquerda. É um partido de esquerda porque o sentido estratégico de sua política se orienta pela luta por mais igualdade, mais direitos e mais cidadania. O testemunho inquestionável de que o PT é um partido de esquerda, democrático e progressista é dado pela sua história pregressa. Na sua origem estão as lutas por direitos trabalhistas, por liberdades políticas, por direitos sociais e a luta contra a carestia.

O PT, junto com outros partidos, lutou pela redemocratização do país, pela anistia, pelas diretas e pela Constituinte. Protagonizou a primeira eleição direta para presidente República após a redemocratização e foi um dos pólos das disputas políticas e eleitorais ao longo de toda a década de 90. Toda esta experiência o credenciou a chegar à presidência da República em 2002. Nesse processo todo, soube manter fidelidade aos princípios básicos e fundantes e soube renovar-se, acompanhando as exigências novas dos tempos. Com isso, evitou o isolamento e o sectarismo e não sucumbiu à cooptação das elites.

O PT é um partido de esquerda também porque onde governa, nas prefeituras, nos Estados e agora na presidência da República, governa para todos, mas priorizando as políticas que promovem os menos favorecidos, os mais pobres. É este o sentido de programas como o Fome Zero, o Bolsa Família e inúmeros outros programas sociais e redistributivos que proliferam nos governos petistas. O PT é um partido democrático de esquerda porque faz da ampliação da participação da sociedade nas decisões do poder ou no controle do Estado um campo de batalha. É este o sentido do Orçamento Participativo e da criação de inúmeros conselhos com participação social nas várias esferas de governo.

A democracia petista se expressa, ainda, no seu pluralismo interno, no respeito à liberdade de opinião, na observância dos Estatutos e no espírito de disciplina e unidade partidárias. A agregação do petismo é produto de um conteúdo e da forma organizativa. É isto que faz do PT um partido democrático e forte. O livre debate consolida posições majoritárias. As regras estatutárias garantem tanto o livre debate quanto a legitimidade e a efetividade das posições majoritárias. Liberdade e disciplina é uma síntese paradoxal da força dos partidos políticos.

10 de Fevereiro de 2004

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