Opinião

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A descompustura da oposição

Alguns líderes e candidatos dos dois principais partidos de oposição – PSDB e PFL – parecem ter perdido definitivamente a compostura no processo das eleições municipais. Ao invés de participarem de um debate construtivo em torno de propostas e idéias para os municípios, gastam a maior parte de seu tempo atacando o PT e o governo Lula de forma sectária, com acusações infundadas. Perdem com isso, o eleitor, o debate público civilizado, o processo político e a própria democracia. Esta forma negativa de fazer política não contribui para a solução dos graves problemas das cidades e da população.

O motivo principal dessa falta de prumo da oposição se deve ao fato de que ela perdeu o discurso. Num primeiro momento, ela imaginou que seria fácil vencer as eleições municipais, bastando centrar seu ataque no governo Lula. A oposição partiu da falsa presunção de que o governo fracassaria, de que Lula não seria capaz de governar e de representar o Brasil no exterior, de que a economia e o emprego não cresceriam, de que os programas sociais seriam um fracasso e de que o Brasil ficaria sem rumo. Por isso, nos meses que antecederam a campanha, a oposição proclamou que federalizaria a disputa eleitoral, trazendo para a esfera dos municípios o debate sobre os rumos do governo Lula.

Mas na medida em que o governo garantiu a governabilidade, consertou o Estado e a economia, recuperou o crescimento econômico e o emprego e implementou programas sociais que abrangem mais de cinco milhões de famílias, a oposição ficou sem discurso e sem propostas. O presidente Lula não só representa bem o Brasil no exterior, conquistando novos mercados para os produtos brasileiros, mas se tornou uma das principais lideranças mundiais. O Brasil tem rumo e está se tornando um novo País, com um novo modelo de desenvolvimento sustentável sendo implementado. Os empresários e trabalhadores apostam, com otimismo, num futuro promissor de crescimento da economia, de recuperação dos salários e do emprego e na inclusão social.

Enquanto o PSDB e o PFL esperavam as benesses de uma oposição fácil, as direções nacional, estaduais e municipais do PT e seus candidatos a prefeitos e vereadores discutiam programas e preparavam diretrizes para os municípios. O principal contraste que existe nessa campanha é que o PT a disputa com propostas e programas, enquanto que a oposição se limita a ataques estéreis e a xingamentos. O sinal mais evidente da falência de conteúdo da oposição reside no fato de que a campanha de José Serra disputou todo o primeiro turno sem apresentar um programa de governo na maior e mais complexa cidade do País. Este fato, além de expressar uma falta de seriedade, expressa também uma falta de responsabilidade para com a população paulistana.

Sem propostas e sem programa, quais são os argumentos da oposição? Se resume a afirmar que o PT é autoritário, truculento, dirigista, aparelhista e até mesmo fascista. Essa adjetivação, além do vazio que ela expressa, não contém nenhuma mensagem positiva e relevante para o eleitorado. Em São Paulo, o PSDB descambou para um tipo de crítica preconceituosa e conservadora contra Marta Suplicy.

Os tucanos, para acobertar sua falta de programa, fizeram uma cortina de fumaça em torno do fato de o presidente Lula ter pedido votos para Marta na inauguração de um trecho da Radial Leste. Se erro foi cometido, o presidente teve a humildade de reconhecê-lo e de pedir desculpas. Enquanto isso, o PSDB usa e abusa da sua condição de estar no governo do Estado de São Paulo, chantageando o eleitorado com a falsa idéia de que se Serra vencer, a Capital terá mais auxilio do Estado. Os tucanos se esquecem de dizer que, em termos de verbas, a cidade de São Paulo depende muito mais do governo federal do que do governo do Estado. Mas esse não é um argumento que vem ao caso, pois o presidente Lula tem governado com isenção atendendo de forma igual prefeitos e governadores dos partidos da base aliada e dos partidos de oposição.

Por conceber a política dessa forma republicana e cívica e ciente das suas imensas responsabilidades para com a população brasileira, o PT seguirá adiante no segundo turno fazendo o que julga ser o certo: apresentar idéias, propostas e programas para serem debatidos no contexto das campanhas municipais. Nos municípios em que perder, o PT assimilará as derrotas com serenidade e com espírito de dever cumprido. Não se negará a colaborar, quando for o caso, com os vencedores. Nos municípios em que vencer, o PT acolherá as vitórias com humildade e responsabilidade redobrada, ciente de que serão grandes os desafios que terá pela frente nos governos de cidades e de comunidades, que esperam soluções eficazes e urgentes para os graves problemas sociais e urbanos.

01 de Outubro de 2004

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