Opinião

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O sectarismo do PSDB

As lideranças do PSDB no Estado de São Paulo assumiram quase que como uma missão fanática atacar o PT por todos os meios e com todos os argumentos, por mais infundados e falsos que sejam. Disseminam, com novas roupagens, velhos preconceitos. Agora, trata-se de sustentar as teses de que o PT é autoritário e hegemonista, com uma sede excessiva de poder, e que estaria até mesmo disposto em instituir um regime de partido único.

Tanto as práticas do governo Lula e dos governos petistas em Estados e municípios, quanto os números das eleições, desmentem de forma categórica as teses dos tucanos. O presidente Lula, por exemplo, governa com um leque amplo de partidos, com respeito à autonomia do Congresso e do Judiciário, com a instituição de um diálogo permanente com prefeitos e governadores de todos os partidos e com todos os setores sociais. Nas prefeituras e governos de Estado do PT a democracia participativa tem se ampliado substantivamente. A sociedade é chamada para participar e para fiscalizar o poder.

Quanto aos números das eleições, em que pese o PT ter sido o partido mais votado em todo o país, ficou em sexto lugar em número de prefeituras, abaixo, inclusive do PSDB, que ficou em segundo lugar. No Estado de São Paulo, o PSDB conquistou 188 prefeituras e o PT 53. Os líderes do PSDB, no entanto, difundiram na capital paulista a tese de que é importante que o seu candidato, José Serra, vença as eleições para impedir que o PT tenha muito poder. Os números mostram que a tese é falsa. Leve-se em conta, ainda, que o PSDB governa o Estado de São Paulo há 10 anos. Se há um partido que concentra poder no Estado é justamente o PSDB.

A idéia da concentração do poder, na verdade, além de ser falsa, expressa um desrespeito do PSDB para com o eleitor, pois visa convencê-lo a votar no seu candidato com uma mentira. Trata-se de uma chantagem, que induz o eleitor a erro, com vistas a vencer as eleições por qualquer meio. Viola-se assim a conduta ética, pois se utiliza qualquer meio, inclusive a falsidade e a mentira, para atingir um fim eleitoral.

O PT tem se pautado por uma conduta democrática e pluralista. Note-se, por exemplo, que no primeiro turno das eleições, o PT apoiou ou se coligou a candidatos a prefeito do PSDB em 275 municípios. O PSDB apoiou ou se coligou a candidatos a prefeito do PT em apenas 131 municípios.

No Estado de São Paulo, o sectarismo dos tucanos é ainda mais evidente. O PT apoiou candidatos a prefeito do PSDB em 37 municípios. O PSDB apoiou candidatos do PT em míseros 2 municípios. No segundo turno, o PT apóia candidatos do PDT, outro partido de oposição ao governo federal, em cinco municípios: Salvador, Duque de Caixas , Campos, Campinas e Bauru. A maioria dos petistas apoiará o candidato do PSDB em Teresina. Isto prova que além de ser democrático e pluralista, o PT não é sectário contra seus adversários.

Nas cidades onde o PT disputa o segundo turno, a conduta do PSDB tem se pautado pelo seguinte critério: procura formar uma frente do não contra os candidatos petistas pelo simples fato de serem do PT. Essa política negativa dilacera as relações entre governo e oposição e não contribui para a consolidação de um ambiente democrático e civilizado nas relações entre partidos e lideranças políticas.

Ao promover uma política negativa, que visa apenas destruir, os líderes paulistas do PSDB revelam seu apego ilimitado ao poder. Abandonam a política definida pelos propósitos programáticos e pelas propostas para a solução dos problemas das cidades e das comunidades. Querem transformar a disputa política entre partidos numa guerra campal da busca do poder pelo poder. Desvirtuam a essência dos partidos políticos, que consiste em formular programas e propostas tendo em vista instituir bons governos. Se esta conduta dos líderes paulistas do PSDB se firmar como uma prática permanente, estarão apenas transformando o seu partido numa destilaria de ódios e preconceitos contra seus adversários.

14 de Outubro de 2004

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