Opinião

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As falsas teses contra o PT

Na presente campanha eleitoral, o PT foi alvo de uma série de falsas teses, quase todas elas lançadas no mercado pelos nossos adversários. Boa parte delas foi assumida por alguns colunistas políticos. O seguidismo desses colunistas se explica pelo fato de que algumas dessas teses foram veiculadas por pessoas qualificadas intelectualmente, como o ex-presidente Fernando Henrique e o professor José Arthur Gianotti. Entre as várias teses, três ganharam relevância e foram manipuladas com o fim de prejudicar eleitoralmente o partido: o PT seria um partido exclusivista na busca do poder, com a pretensão de implantar um regime de partido único; o PT seria autoritário, pondo em risco a democracia; e o PT estaria fazendo amplo uso da máquina pública na campanha.

As duas primeiras teses já foram desmoralizadas, seja pela sua inconsistência teórica, seja pela falta de legitimação em fatos e evidências empíricas. Resta agora proceder a um combate à terceira, não pelo mero gosto de combater, mas porque se trata de outra tese falsa.  

A inconsistência dessa tese - a do uso da máquina - é demonstrável, antes de tudo, pelo critério comparativo. Tomem-se dois parâmetros. Primeiro: a participação na campanha eleitoral do presidente Lula e dos ministros em comparação com a participação do presidente anterior e seus ministros é substancialmente inferior. O atual governo não orquestrou uma desabrida inauguração de obras no período eleitoral, como a que aconteceu sob o governo passado. No entanto, os rios de tinta que foram derramados e a profusão de palavras que foram ditas para atacar algum pequeno deslize dos atuais governantes não têm termos de comparação em relação ao que foi dito quanto aos atos do governo anterior. Melhor dizendo, ao que não foi dito. Alguns setores pretenderam dar à pequena, mas legítima participação eleitoral do presidente Lula uma dimensão de grande escândalo político, como se a res publica estivesse sendo demolida a golpes de um apoio político aqui, outro acolá. 

O segundo termo de comparação se refere à intensidade da participação do presidente Lula nas campanhas, tomando como referência a participação de alguns governadores, principalmente o de São Paulo. A participação do presidente, inegavelmente, é muito inferior à de vários governadores. Se os governadores têm o direito de apoiar os candidatos de seus partidos e de seus aliados, o presidente da República também o tem. No entanto, praticamente nada se disse sobre os governadores e seus partidos, contrastando com as críticas diárias que são feitas ao presidente e ao PT. O PT faz, de fato, uma campanha forte, baseada na solidez de sua organização, tendo como foco diretrizes e programas escritos, elaborados no início das eleições pelas instâncias partidárias. Trata-se de uma campanha politizada, orientada por programas que abordam os problemas das cidades e das comunidades. É legítimo que o PT, como qualquer outro partido, busque o poder para implementar suas propostas. Para o PT, o poder é um meio de viabilização de projetos e programas orientados para atender aos fins e às necessidades da população.

Na medida em que o PT está convicto da coerência, da eficácia e da viabilidade de seus programas, tornar-se-ia um partido pusilânime e inconseqüente se não buscasse o poder para implementá-los. É da natureza dos partidos políticos buscar o poder para viabilizar seus programas. A prova de que nós não buscamos o poder pelo poder está nas nossas diretrizes escritas e nas realizações que os governos petistas implementam.

Quando a política é feita com propósitos orientados para o bem-estar da sociedade e o desenvolvimento das cidades e do País, como nós a fizemos, é lícito, legítimo e necessário buscar o poder. Hoje, no entanto, alguns colunistas, escorados em teses sofísticas de adversários do PT, vêem a busca do poder que empreendemos como se fosse algo condenável e até criminoso. Não só nos condenam, como isentam os nossos adversários de qualquer crítica por fazerem o mesmo. 

O PT, no entanto, não é exclusivista. Tem o apoio e apóia muitos partidos aliados. Apoiou e se coligou com o PDT, adversário do governo federal, em vários municípios. Apoiou ou se coligou com candidatos do PSDB em 275 municípios, recebendo uma contrapartida deste partido de apoios em 131 municípios. Na política democrática e pluralista que o PT exerce, trata os adversários com respeito. Respeito que não é retribuído por alguns representantes intelectuais dos adversários e por alguns colunistas políticos.

25 de Outubro de 2004

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