Opinião

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A avaliação do governo

A última pesquisa CNI/Ibope sobre a avaliação do governo mostra uma melhoria geral em todos os índices pesquisados. Com efeito, a avaliação de ótimo e bom do governo subiu de 38% para 41%, a confiança no presidente Lula subiu de 58% para 63% e a avaliação do desempenho de Lula subiu de 55% para 62%. Tanto a pesquisa quanto os analistas indicam que o principal fator que fez subir os índices de avaliação positiva do governo e do presidente Lula foi o crescimento econômico e a geração de emprego. O crescimento econômico, de fato, já é uma realidade sentida e percebida pela população. Na geração de empregos, o ano de 2004 bate recordes históricos: de janeiro a setembro foram criados cerca de 1,8 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. Note-se que a pesquisa ainda não capta os possíveis efeitos positivos que o anúncio do crescimento do PIB de 6,1% no terceiro trimestre teve na opinião pública.

A pesquisa foi feita entre os dias 24 e 29 de novembro, enquanto que o crescimento do PIB foi anunciado no dia 30.A pesquisa permite também algumas leituras políticas importantes. A primeira se refere à influência do governo sobre os resultados eleitorais. O que se pode constatar com clareza é que no decurso do processo das eleições municipais, a avaliação do governo e do presidente Lula estava em franca recuperação. Por conseqüência, não é lógico que se deduza que o governo tenha tido uma incidência negativa nos resultados eleitorais para candidatos do PT. A pesquisa, nestes termos, reforça a avaliação do Diretório Nacional do PT, segundo a qual, os fatores preponderantes na determinação dos resultados eleitorais foram os locais, relativos ao perfil dos candidatos, à condução das campanhas e ao desempenho de prefeitos que concorreram à reeleição.

A segunda leitura política que pode ser feita diz respeito à propalada tese, lançada no mercado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que o governo Lula seria incompetente. A pesquisa mostra que não é esta a avaliação que a população tem do governo. Aliás, a pesquisa traz um dado interessante acerca da comparação entre os dois governos: os que acham que o governo Lula é pior do que o governo Fernando Henrique caiu de 20% para 17%. Em contrapartida, 49% dos entrevistados avaliam que o governo Lula é melhor que o governo Fernando Henrique.

O emprego e crescimento econômico continua sendo o item apontado pela pesquisa como o que causa a maior preocupação para a população. Isto indica que se o crescimento e o emprego vem se caracterizando como a principal marca do governo Lula este caminho deve continuar sendo perseguido. O principal ponto da agenda do governo para 2005 deveria consistir em definir uma série de ações pró-ativas para reforçar ainda mais a busca do crescimento e da geração de emprego. Nem o governo e nem o PT podem se acomodar com os resultados positivos alcançados em 2004. Ocorre que herdamos do governo anterior um déficit muito grande em termos de desemprego. E o Brasil vinha experimentando um baixo crescimento nos últimos 20 anos. Persistir no caminho do desenvolvimento sustentável e da recuperação do emprego e da renda é e deve continuar sendo o principal objetivo do governo federal.

O próximo ano, de fato, pode definir-se como o ano da consolidação do desenvolvimento, como tem anunciado o presidente Lula. Para isso, é preciso garantir os investimentos em infra-estrutura, recuperando portos, ferrovias, estradas e aeroportos. É preciso investir também nas áreas que afetam a melhoria social como saneamento, reforma agrária, habitação e recursos hídricos. A par disso, o Congresso deve aprovar a legislação que melhora o marco regulatório, permite as parcerias Público-Privadas, reforça a competição e cria um ambiente favorável aos investimentos, aos negócios e ao empreendedorismo.

Se o governo conseguir definir, em todos os ministérios, uma agenda adequada para 2005, o povo brasileiro poderá experimentar um ciclo positivo e virtuoso de crescimento como há muito não ocorria. Despertar a autoconfiança e acreditar nas potencialidades do Brasil e do seu povo, pondo em movimento suas energias criativas e produtivas, são os fatores que devem fazer o governo e a sociedade convergirem para um objetivo comum, fundado na crença de que é possível crescer com distribuição de renda e com justiça social.

10 de Dezembro de 2004

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