Opinião

Versão para impressão  | Indicar para amigo

A derrota do pessimismo

A oposição ao governo Lula apresenta-se hoje em dois campos em termos de conduta. Um pretende debater as questões substantivas que estão postas na conjuntura. O outro, no entanto, mostra-se magoado e ressentido. Foge da realidade e explicita o desejo de que o governo fracasse.

Exemplos dessa oposição negativista se expressam nos recorrentes artigos que o senador Jorge Bornhausen escreve para a Folha. Volta e meia, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também sustenta opiniões que não disfarçam o desejo do insucesso do governo Lula. Sustentou, recentemente, que o governo "é incompetente e que o rei está nu". Horas depois, anunciava-se o crescimento do PIB de 6,1% no terceiro trimestre. Dias depois as pesquisas de opinião indicavam que não só o governo e o presidente Lula estão sendo bem avaliados pela população mas que há uma melhora geral na percepção que ela tem do conjunto dos programas do governo, incluindo os programas sociais.

A percepção positiva do Brasil e do governo não se deve a um suposto ledo engano do povo, que estaria sendo ludibriado pelas diabruras do marketing, como sugerem Bornhausen e FHC. Esses dois líderes, em seu oposicionismo, deveriam levar em conta que foram governo por muitos anos, assumindo suas responsabilidades pelos problemas que o Brasil enfrenta. Os números positivos da economia e dos programas sociais são incontestáveis. O PT nunca supôs a ignorância política do povo. O povo sabe avaliar de forma crítica quando o governo vai mal e reconhece seus méritos quando o governo vai bem. Respeitar essa avaliação e reconhecer a capacidade do povo de julgar corretamente é um pressuposto inegociável da democracia.

Números positivos que lastreiam o otimismo dos brasileiros quanto ao presente e ao futuro não faltam: maior crescimento do PIB dos últimos nove anos; criação recorde de empregos formais de janeiro a setembro, alcançando a cifra de 1,8 milhão; recorde nas exportações; superávits comercial e nas contas correntes; redução da dívida pública em relação ao PIB; redução drástica da dívida vinculada a moedas estrangeiras; cerca de 6,5 milhões de famílias incluídas no programa Bolsa-Família; milhares de jovens pobres e negros tendo acesso à universidade pelo programa Prouni; e assim por diante.

Esses resultados positivos se devem ao fato de que o governo adotou um novo modelo de desenvolvimento econômico e social. É longa a lista de determinações estruturantes que definem os contornos do novo modelo. Dizem respeito à gestão macroeconômica, ao sistema de crédito e de financiamento, à racionalização tributária, à política industrial e tecnológica, à agenda microeconômica, à legislação e ao marco regulatório e ao sistema de parcerias entre setor público e iniciativa privada.

Mas a principal inovação desse modelo consiste em que ele não separa o econômico do social. Junto com a agenda da modernização econômica, o governo Lula adotou uma série de programas sociais distributivos e medidas de reforço aos programas que garantem direitos sociais universais, como educação e saúde. Os resultados vão aparecendo, lembrando que o PT sempre alertou para o caráter processual das mudanças.

Note-se que os oito anos do governo anterior foram marcados pelo baixo crescimento, pelo alto desemprego, pela elevação da carga tributária e pela elevação da dívida pública.

Se o governo Lula estivesse adotando o mesmo modelo econômico do governo PSDB-PFL, esses indicadores se agravariam. Agora, com o novo modelo, os resultados se traduzem na retomada do crescimento, na geração de empregos, na redução da dívida pública e na redução da carga tributária. Com efeito, a carga tributária em 2002 era de 35,53% do PIB. Em 2003 caiu para 34,88%. É a primeira vez que ela recua depois de dez anos. Trata-se de um sinal. Ainda insuficiente, é claro. Mas é um bom sinal. Bons sinais são também os reajustes reais do salário mínimo, o maior dos últimos dez anos, e o da tabela do Imposto de Renda, coisa que o governo anterior não fez.

O governo e o PT têm um objetivo claro e irrenunciável para 2005: fazer com que ele seja o ano do desenvolvimento, do crescimento econômico, da geração de emprego, da distribuição de renda e da inclusão social. A democracia pré-define o calendário eleitoral. Por isso, respeitando o calendário democrático, o PT não antecipará a agenda de 2006. A angústia exacerbada pelo poder presta um desserviço ao Brasil, que precisa de tranqüilidade para crescer e confirmar a esperança em um futuro melhor.

26 de Dezembro de 2004

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: