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Escolhas Políticas
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| Site Terra Magazine |
Será lançado hoje, em São Paulo, o livro "José Genoino - Escolhas Políticas", da socióloga Maria Francisca Pinheiro Coelho. A biografia do deputado, escrita a partir de documentos e 16 entrevistas, foi feita com autorização do deputado, mas, segundo a autora, "não houve nenhum tipo de censura".
O livro, que conta desde a infância pobre no Ceará até a atuação do parlamentar como presidente do PT, traz fotos e documentos inéditos. Nada, no entanto, que sacie os interesses dos ávidos por novidades no caso mensalão. Afirma Genoino:
- Não há documentos da crise. Eu fui acusado pelo que era, não pelo que fiz. (...) O que o livro tem de inédito são documentos da luta armada, auditorias sobre a tortura, coisas sobre o período militar.
O deputado, que revela ter se arrependido de ter saído da Câmara para ser candidato a governador em 2002, afirma que não pretende mais deixar a Casa: "Eu sou melhor como parlamentar".
A obra segue três eixos principais: o movimento estudantil, a guerrilha no Araguaia e a crise no PT. Genoino afirma que o livro é uma "contribuição" ao país, e não uma tentativa de "limpar" sua imagem perante a sociedade:
- Não é para me redimir. É uma contribuição sobre a minha luta, minhas escolhas. Tudo o que fiz foi por um ideal.
Leia a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - Quem teve a idéia de fazer o livro?
José Genoino - A professora Maria Francisca tinha sido convidada pela UnB, em 1997, para elaborar uma coleção chamada "Contemporâneos do Futuro". Quando passei todos os meus arquivos - e logo depois o projeto não foi para a frente - ela resolveu fazer a biografia. É um projeto de dez anos.
Como foi o processo? Quantas entrevistas foram feitas?
Eu entreguei tudo a ela e conversamos. Daí ela elaborou todo o material até 2002. Depois disso, foram mais três entrevistas, quase como um anexo do livro: uma quando eu perdi a eleição para o governo de São Paulo, outra quando era presidente do PT e outra, em setembro 2005, no auge da crise pela qual passou o partido, quando deixei a presidência.
A autora teve acesso a documentos inéditos do período da crise?
Não, porque não há documentos da crise. Eu fui acusado pelo que era, não pelo que fiz. Tudo o que tem está registrado, os empréstimos que assinei são legais. Tanto que todo o meu sigilo foi aberto e não tem nada provado contra mim. O que o livro tem de inédito são documentos da luta armada, auditorias sobre a tortura, coisas sobre o período militar.
O livro conta a sua infância, suas primeiras experiências políticas. O senhor acha que o lançamento agora pode ser visto como uma tentativa de o senhor se redimir diante da sociedade?
Não é para me redimir. É uma contribuição sobre a minha luta, minhas escolhas. Eu tenho dever de retratar tudo o que vivi, o sentido da minha vida política. Tudo o que fiz foi por um ideal. Eu não tenho patrimônio, essa é uma escolha que, como outras, eu fiz com intensidade: entrar para o movimento estudantil, participar da guerrilha do Araguaia, concorrer e ser presidente do PT, me candidatar a governador de São Paulo. Essa é a minha contribuição. Nós lutamos para mudar o Brasil, temos feito isso ao longo das últimas quatro décadas. É uma trajetória de alegria, dor e desafio.
E quais serão as escolhas políticas do senhor daqui para frente? 2008, 2010?
Eu sou deputado, essa é minha escolha. Não disputo cargos nem no parlamento, nem no Executivo nem no partido. Sou militante. O que quero defender é o governo, uma reforma no PT e uma reforma política no país. Quero atuar ao lado da militância de base do PT, que é a responsável pela minha última eleição como deputado. Eu não deveria ter deixado de ser deputado em 2002.
O senhor não quer mais disputar cargos executivos?
Eu sou melhor como parlamentar. Não deveria ter deixado a casa em 2002 para concorrer como governador. Eu vivo intensamente a Câmara.
Karen Cunsolo - para o Terra Magazine
Segunda, 4 de junho de 2007, 08h08
04 de Junho de 2007
