Opinião

Versão para impressão  | Indicar para amigo

Reforma Política

Financiamento privado de campanhas não é transparente, diz José Genoino

O UOL News entrevistou nesta sexta-feira o deputado federal e ex-presidente nacional do PT José Genoino (SP). Durante a entrevista, o parlamentar expôs suas idéias sobre a reforma política e disse ser contra o financiamento privado de campanhas eleitorais "para todos os cargos".

Em 2005, José Genoino foi acusado de permitir o partido de fazer caixa dois para campanhas próprias e de aliados. Genoino foi ainda apontado por Roberto Jefferson de ajudar nas negociações com aliados e com o governo. Ele assumiu a presidência do PT em 2002 e deixou o cargo em 9 de julho de 2005.

O estopim de sua saída foi a prisão de um assessor parlamentar de seu irmão, o deputado federal pelo Ceará José Nobre Guimarães (PT), que tentava embarcar no aeroporto de Congonhas com R$ 200 mil em uma valise e US$ 100 mil presos ao corpo, na cueca. Confira abaixo o que falou Genoino sobre a reforma política e outros temas como a crise aérea e o caso Renan.

Numa reforma política ideal, na sua opinião, qual seria o ponto mais importante, a prioridade?

Para mim, uma reforma política democrática e à altura das exigências do país tem que incluir o barateamento das campanhas, medida que tem o objetivo de igualar as disputas e transparência nos caixas. O financiamento deve ser público e exclusivo para as campanhas eleitorais. Evidentemente que essa questão exige a fidelidade partidária, pois o financiamento teria que ser feito para os partidos e aí teríamos que votar uma lista partidária elaborada com os filiadas e com o acompanhamento da sociedade.

Também é preciso acabar com as coligações nas eleições proporcionais. As alianças se transformariam em uma federação partidária, que duraria pelo tempo do mandato. Outra medida importante é acabar com o suplente de senador. Quando o titular do cargo se ausenta, assume o segundo mais votado, que é uma maneira de agilizar o processo. Eu ainda incluiria uma definição mais clara sobre as competências da Câmara e do Senado, para acabar com esse empurra-empurra de uma lei ser votada na Câmara e também no Senado.

Doações privadas a campanhas ou partidos têm de acabar?

As doações privadas têm que acabar. Em primeiro lugar, o financiamento privado para campanhas gera uma relação não transparente. Quando uma empresa é envolvida em um escândalo, é o nome do parlamentar que acaba aparecendo e sofrendo desgaste. Em segundo lugar, as campanhas estão muito caras. Com o financiamento público exclusivo se estabeleceria para cada partido, de acordo com o número de votos, o que cada partido vai receber e nós vamos fazer uma campanha mais modesta.

Sobre fidelidade partidária e troca-troca de partidos, o que o senhor acha?

Pra mim a fidelidade partidária nasce do ato do eleitor com o eleito. Quem é eleito por um partido deve ter seu mandato por aquele partido até registrar nova candidatura. O mandato tem um vinculação estritamente partidário. Um ano antes para registrar a candidatura e durante três anos do mandato. Quando ele for registrar a nova candidatura, ele pode mudar de partido.

Financiamento público de campanha: o senhor é a favor de um valor fixo valores flexíveis? Defende que o financiamento público seja válido para alguns cargos e não para outros?

Para mim, o financiamento público tem que ser estendido a todos os cargos, porque o financiamento ao partido. Por isso é necessário a lista ordenada. A proposta de financiamento apenas para cargos majoritários tem defeitos. É menos mal do que existe hoje. Mas prefiro financiamento completo para todos os cargos.

O que acha do voto em lista mista?

Eu prefiro a lista ordenada única. Só acharia correta se fosse uma lista ordenada pelo partido e o eleitor pudesse alterar a ordem da lista. Fazer uma lista em que metade é eleita pela lista e a outra pelo voto nominal não é o método mais adequado.

E a crise aérea. O senhor sofreu muito com atrasos em vôos? Qual sua avaliação sobre como o governo conduziu a situação?

É fundamental viabilizar as medidas anunciadas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e aumentar a fiscalização sobre as empresas de aviação, redistribuir a malha aérea do país, conferir as pistas. É preciso restabelecer a autoridade política do Ministério da Defesa e reformar os órgãos que estão cuidando da aviação.

O que o senhor achou desse movimento "Cansei"?

Prefiro não opinar sobre esse movimento, porque ele já saiu da pauta.

Deputado, as denúncias envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros, afetam a imagem do Congresso como um todo? O senhor defende o afastamento dele da presidência durante as investigações?

Eu sou deputado federal, portanto participo das questões da Câmara. Esse é um problema do Senado e não vou opinar. Quem tem que buscar uma solução são os senadores.

Deputado, o Supremo Tribunal Federal reservou seis sessões plenárias no final de agosto para decidir sobre a abertura do processo criminal do mensalão, e o seu nome é um dos 40 que aparecem na denúncia. O senhor acha que vai responder a uma ação penal no caso? A sua defesa já está pronta?

Em primeiro lugar, não pratiquei mensalão, nunca recebi nada e não tenho nada a ver com isso. Nem era deputado e meus sigilos fiscal e bancário foram quebrados sem que nada fosse provado. Os empréstimos que avalizei pelo PT são absolutamente legais, todas as prestações de contas foram aprovadas. Portanto estou tranqüilo, mas quem fala sobre essa parte jurídica é meu advogado e você pode falar com ele.

Veja a entrevista em vídeo 

10 de Agosto de 2007

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: