Opinião

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NOTAS POLÍTICAS

Nota 8 - A importância das eleições municipais

por José Genoino

Qualquer análise política do significado das próximas eleições não pode deixar de levar em conta a disputa eleitoral de 2010. Mas é uma simplificação supor que o impacto destes resultados esteja relacionado apenas ao fato de que vencidos e derrotados assumirão seus lugares, como num grid de largada para a disputa de 2010. Da mesma forma, não se deve entender as eleições deste ano apenas como um treino ou como uma prévia.

Acima das rivalidades eminentemente partidárias que acontecerão em todas as cidades do Brasil (onde a realidade local pode, em muitos casos, determinar comportamentos não-uniformes em relação às alianças, por exemplo) está a disputa em torno do projeto político para o Brasil.

É claro que serão as realidades locais, os programas e as propostas para a cidade o foco dos candidatos e o interesse dos eleitores. No entanto, as eleições de 2008 têm como pano de fundo o projeto de mudanças que estamos realizando no Brasil. O governo Lula mexeu em vários tabus sagrados que a elite não aceita: reorientamos os recursos públicos, direcionando os investimentos para a população mais pobre, interrompemos a agenda neoliberal e realizamos um novo modelo nas relações internacionais. Estamos viabilizando um projeto nacional e popular. Por isso, tanto nos debates programáticos como na busca pelo voto nas ruas, não podemos descuidar da defesa do projeto representado por nosso governo. Também por este motivo, o PT deve se esforçar para consolidar as alianças no primeiro turno e construir alianças à esquerda e ao centro no segundo turno, tendo também como ponto de partida a defesa do governo Lula.

Por outro lado, toda eleição é um momento privilegiado da democracia. É a oportunidade onde todos, diretamente e sem mediações, participam da disputa política. A visão geral, que há algum tempo vem se explicitando, de criminalizar cada vez mais o processo eleitoral, é um prejuízo para a democracia. Restringir o processo eleitoral, tornar a legislação eleitoral cada vez mais rígida, dificultar cada vez a participação do cidadão nas eleições faz parte de uma concepção que entende o processo eleitoral como um mal necessário. A deslegitimação das eleições é uma das condições para destituir a política da sua dimensão de disputa pela hegemonia e pelo poder. A rendição ao senso comum de desprezo pela atividade política e de desconsideração pelas eleições representa um grave risco para o processo democrático. Não é demais lembrar que devemos sempre levar em conta que "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente".

23 de Julho de 2008

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