Opinião

Versão para impressão  | Indicar para amigo

NOTAS POLÍTICAS

Nota 17 - Ou Marta ou o retrocesso

O que distingue a eleição municipal neste segundo turno em São Paulo das eleições passadas e mesmo das ocorridas em outras cidades é a radicalidade da polarização dos caminhos e projetos em disputa.

Os eleitores paulistanos decidirão domingo próximo entre o aprofundamento da segregação social patrocinada pelas políticas demo-tucanas e a implantação de políticas públicas de inclusão. Decidirão se São Paulo aceitará a vocação de ser uma das cidades mais desumanas e cruéis do país ou se recusará tal destino, rompendo sua tradição reacionária e elitista.

Emir Sader, em seu blog, traduz de forma magnífica este momento político, lembrando que, historicamente, a elite paulista sempre esteve atrelada aos interesses mais retrógrados. "O ódio ao PT, à Lula e a Marta é o ódio a essas políticas, que têm em Lula seu principal agente e sua expressão simbólica. Isso é alimentado pelo que Lula representa: nordestino chegado a São Paulo pela expulsão das secas do nordeste, operário que se forjou politicamente na oposição a essas oligarquias, discriminado por elas, odiado hoje porque promove políticas de redistribuição de renda que acusam essas oligarquias pelo que não fez quando foi governo e por sua responsabilidade em fazer do Brasil o pais mais desigual do mundo. É o oposto de FHC, ídolo dessa classe média conservadora e da elite branca paulista" diz ele.

E é este ódio que vemos expressado, tanto na facilidade com que setores da imprensa manipulam a opinião média paulistana como no preconceito escancarado nas sessões do "Eu Voto em...", em que pessoas não receiam declarar publicamente que seu voto em Kassab é um voto anti-Marta, anti-Lula e anti-PT.

Para a elite paulistana, é irrelevante o vazio programático de Kassab. O plágio amador das propostas e programas de Marta é compensado pela chance de reverberar todos os preconceitos contra ela. A pobreza ideológica de sua campanha é perdoada por aquilo que sua candidatura representa para o futuro da aliança demo-tucano e para a rearticulação da direita brasileira.

Por isso, o que estará em jogo no dia 26 é muito mais do que a possibilidade ou não de São Paulo poder se constituir como uma cidade justa e democrática. É o resultado do empenho na reaglutinação de setores empresariais, políticos, intelectuais e da imprensa em torno da volta das forças políticas derrotadas em 2002. Não é outra a explicação para o tratamento dado pela imprensa aos acontecimentos que envolveram a polícia civil, em greve, num confronto armado inédito com a polícia militar. Mas este é um assunto para a próxima nota.

Abraços e até a vitória da Marta dia 26

24 de Outubro de 2008

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: