Opinião

Versão para impressão  | Indicar para amigo

NOTAS POLÍTICAS

Nota 39 - O rigor da nossa diplomacia está correto

No início desta semana participei, juntamente com outros deputados e autoridades, da solenidade que comemorou os 10 anos do Ministério da Defesa. Além de ter sido uma oportunidade para manifestar meu “total e integral apoio” à sua direção sob o comando do ministro Nelson Jobim e para destacar a importância da Estratégia Nacional de Defesa, das concepções que a embasam e de seus pressupostos, foi também uma oportunidade de chamar a atenção para uma questão que, naquele momento, já demandava nossa preocupação: a instalação de bases militares norte-americanas na Colômbia.

Afirmei, nessa ocasião, que nos deixava “apreensivos e preocupados neste processo de integração sul-americana, que tem como palco central a Amazônia, a instalação de bases militares com algum tipo de profundidade e amplitude de objetivos, que não é apenas de combate ao narcotráfico na Colômbia e, ainda mais, sendo na região amazônica. Isso preocupa, porque nós aprendemos que hoje economia, defesa e diplomacia devem andar juntas. Nem sempre andaram juntas, e agora têm que andar juntas, porque é fundamental, seja na projeção de poder, seja nas negociações internacionais, seja na capacidade dissuasória do Brasil”.

Hoje, com a visita do presidente colombiano, Álvaro Uribe e um dia após a do general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, as questões que envolvem a presença militar norteamericana no continente ficaram um pouco mais claras. No entanto, em minha opinião, os esclarecimentos até aqui não são suficientes para deixar o Brasil e a América Latina tranquilos.

Muito pelo contrário! As informações disponíveis até o momento ainda não dissiparam as suspeitas de que estas bases podem se tornar fontes de monitoramento e de pesquisas numa região estratégica e vital da geopolítica mundial, que é a Amazônia. Além de ressuscitar a desconfiança do interesse das forças armadas norteamericanas de preparo e emprego nas condições de selva, esta questão recoloca na pauta a velha política imperialista praticada pelos EUA pré-Obama, de promover seu domínio espalhando bases militares pelo planeta. Até porque, a própria história da relação dos EUA com o mundo alimenta estas suspeitas. Na América do Sul, o governo colombiano é o único que ainda submete suas relações internacionais aos interesses norteamericanos.

O combate ao narcotráfico não justifica o tamanho do empreendimento e os termos do acordo. Segundo a Folha de S.Paulo, serão envolvidos 800 militares norteamericanos e 600 terceirizados. A vigência será de 10 anos e, neste período, 5 bilhões de dólares serão repassados à Colômbia. Até segunda-feira eram 5 bases de operação. Hoje já falam em 7.

A desconfiança e a preocupação da nossa diplomacia estão plenamente justificadas. Não só em função do aumento da ocupação bélica com forte presença dissuasória no continente, mas também porque a integração latino-americana - propósito a que o Brasil se dedica desde o primeiro dia do governo Lula - pode ser abalada por estes movimentos. Não podemos deixar de dar razão a Chavéz quando ele diz que estas “novas bases militares constituem um perigo real e concreto contra a soberania e a estabilidade da região sul-americana.”

Por isso, certas análises carecem de profundidade e beiram o desprezo no tratamento de um assunto tão sério. Debochar dos interesses brasileiros ou suspeitar que agimos para evitar uma invasão norteamericana e que desejamos enfrentar o Pentágono demonstram a mais pura inépcia. William Waak, Clóvis Rossi e Igor Gielow são exemplos daqueles que ainda raciocinam como se o Brasil ainda fosse governado pela impotência e pela obediência aos EUA. Como se o Brasil, nestes 6 anos de governo Lula, não tivesse conquistado um lugar de destaque, de influência e de comando no mundo. Prova disso, são as matérias do próprio jornal Folha de S.Paulo. Como em todas as outras esferas do governo, a política externa brasileira de hoje não guarda nenhuma similaridade com as do passado.

É isso, no fundamental, que os fatos e a realidade veem demonstrando nestes últimos dias.

06 de Agosto de 2009

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: