Parlamento - Pronunciamentos

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Caso Uniban

CÂMARA DOS DEPUTADOS – Detaq
Congresso Nacional – Sessão
Número: 309.3.53.O
Data: 10/11/2009

Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto - Concedo a palavra ao nobre Deputado José Genoino. S.Exa. disporá de até 5 minutos na tribuna.

Deputado José Genoino - Sr. presidente, sras. e srs. deputados, há uma semana eu denunciei, da tribuna da Câmara dos Deputados, um fato grave que aconteceu na UNIBAN: um verdadeiro assédio coletivo brutal contra a estudante Geisy Arruda, de 20 anos.

Este fato ganhou repercussão na mídia e nos chamou a atenção para uma reflexão. Em primeiro lugar, as declarações da maioria dos estudantes daquela universidade em relação àquela brutalidade contra a universitária Geisy Arruda. Houve manifestações de intolerância, preconceito, barbaridade e — por que não dizer? — de uma intolerância que beira a manifestações de conteúdo fascista.

Essas manifestações se repetiram ontem quando, diante de uma manifestação, pedindo a volta da aluna à universidade, vários alunos criticaram e vaiaram aquela manifestação, criticando a atitude da universidade que recuou e cancelou a expulsão da aluna.

Ora, sr. presidente, sras. e srs. deputados, o argumento da UNIBAN, numa primeira decisão, é que ela, Geysi Arruda, teria ferido os princípios éticos, a dignidade acadêmica e a moral. A vítima foi penalizada, expulsa e sofreu uma brutalidade. Aquela universidade, atendendo a um sentimento, a uma satisfação de uma maioria autoritária, intolerante, respalda a brutalidade. Diante da repercussão, da intolerância e da discriminação contra a jovem aluna, a universidade recua.

Mas esse fato nos chama à reflexão. A minissaia foi introduzida no Brasil como sinônimo de liberdade; hoje é sinônimo de perseguição, de brutalidade, de assédio coletivo, de hostilidade de centenas de jovens dentro da universidade. Também nos chama atenção essa banalização com que o comportamento é tratado no seio da universidade, no seio da juventude. As relações de pluralidade, de tolerância, de respeito mútuo, estão sendo substituídas por relações de violência, de exclusão e de banalização do comportamento humano, com uma dose de intolerância e de preconceito.

Muitas vezes, perguntamos: como é que isso pode acontecer? Assusta-nos. É normal. Por que isso aconteceu com tanta repercussão? É corriqueiro?

Fatos da história da humanidade que assustaram gerações e gerações que tentávamos entender o significado. E o significado veio à tona com as brutalidades contra o ser humano, seja pelo autoritarismo religioso, seja pelo autoritarismo político, seja pelo fascismo, seja pelo nazismo, seja pela perseguição política, seja por uma relação social marcada pela violência.

Esse fato também nos chama atenção para o nível com que muitas universidades estão orientando educacionalmente a juventude. Tem que haver maior fiscalização, maior acompanhamento pedagógico, maior transparência de como uma universidade — conforme matéria da Folha de S.Paulo, classificada como a quarta maior do País, voltada para a classe C — , no seu seio, produz uma manifestação coletiva da maioria daqueles alunos de autoritarismo, de barbárie e de violência contra aquela estudante Geisy Arruda, de 20 anos.

Chamo atenção para uma reflexão para que fiquemos atentos a esse germe que começa a brotar, que é uma verdadeira serpente que vai picando as consciências, as mentes, os corações mais graves da juventude, como o nervo sensível da sociedade, levando a essas relações marcadas pela brutalidade, pela banalização, pela intolerância e pelo autoritarismo.

É democrático discutir essas relações humanas e sociais. É democrático se manifestar e exigir mudança de atitude.

Era o que tinha a dizer.

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