Parlamento - Pronunciamentos

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Brasil, Irã, Turquia e a mídia brasileira

Câmara dos Deputados - Detaq
Congresso nacional - Sessão
Número:  120.4.53.O   
Data: 25/05/2010


Deputado José Genoino - Sr. Presidente, agradeço a V.Exa.

Na semana passada, iniciei um debate, que terminou na quinta-feira à tarde, no Grande Expediente, com o Deputado Raul Jungmann, em torno do acordo, mediado pelo Brasil, entre Irã e Turquia.

Parte da Oposição e a grande mídia brasileira torceram pelos Estados Unidos, torceram pelo fracasso do acordo.

Tenho aqui, Sr. Presidente, a carta de Obama, Louvável o acordo com o Irã. Carta do Presidente Obama ao Lula, louvando a iniciativa de buscar um acordo com o Irã. Aqui, Sr. Presidente, tenho para os Deputados da Oposição petista o artigo de Luiz Carlos Bresser Pereira, Ministro do Fernando Henrique Cardoso, Irã e o Império Decadente, em que ele diz que a pretensão dos Estados Unidos não é o problema nuclear, é desestabilizar o governo do Irã, como fez com vários governos.

O artigo do Bresser Pereira, que solicito a transcrição, fundamenta, Sr. Presidente, a minha posição de defesa do acordo com o Irã, do papel protagonista do Brasil, dos valores brasileiros, é aqui confirmado pelo jornal Le Monde, Brasil está em todas as frentes. Isso é o Le Monde.

O editorial e a reportagem do jornal francês elogiam Lula, Celso Amorim e o desempenho da economia brasileira e mostram claramente, Sr. Presidente, esta visão do protagonismo internacional com base numa posição de defesa da paz, do pluralismo, do multilateralismo e da não ingerência nos assuntos internos.

Essa política, que está sendo vitoriosa com essa grande iniciativa, a qual no debate com o Deputado Raul Jungmann, chamei de diplomacia presidencial, Sr. Presidente, está muito bem definida aqui pela jornalista Clarissa Pontes, sobre a importância do Brasil na mediação. Para aqueles que diziam: tão distante o potencial energético do Irã, o potencial comercial e econômico dos acordos Brasil-Irã, Brasil-Turquia é fundamental.

O que essa visão colonialista não aceita é que um País como o Brasil, junto com a Turquia e com o Irã, apresente uma solução à margem das grandes potências.

Não pedimos licença nem ordem para o Obama, nem para França, Alemanha, Japão, China ou Índia para negociar uma solução pacífica. É uma ousadia que produz prestígio na política internacional, o que significa defesa dos interesses nacionais e projeção nos fóruns internacionais, como, por exemplo, a presença do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

As críticas infundadas ao papel do Ministro Celso Amorim, do Embaixador do Brasil em Teerã e ao papel da diplomacia presidencial do Presidente Lula — que saiu de Teerã e foi direto para Madri exatamente para discutir a relação MERCOSUL e União Europeia, particularmente com os países hispânicos — mostra como o Brasil tem iniciativa, articulação. E toda a imprensa internacional vem fortalecendo a posição daqueles que sempre defenderam a diplomacia brasileira em um acordo com o Irã sobre a questão nuclear.

Espero que prevaleça o bom senso, e não a intolerância.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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