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Aborto

Genoino fala sobre a Pesquisa Aborto/Ibope

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, solicito a transcrição nos Anais da Câmara dos Deputados de uma pesquisa encomendada pela organização Católicas pelo Direito de Decidir sobre o Aborto, conduzida pelo IBOPE, que mostra dados da maior importância: 93% dos brasileiros afirmam que os serviços de saúde devem oferecer anticoncepcionais gratuitamente; 76% dos católicos se mostram favoráveis ao aborto legal nos serviços públicos de saúde; 83% dos entrevistados disseram que o Presidente de um país católico deve tomar suas decisões baseando-se na diversidade de opiniões e não nos ensinamentos da Igreja — portanto, defendem o Estado laico; 70% dos brasileiros com instrução até a 4ª série apóiam o Estado laico; 47% dos católicos discordam da condenação e prisão de mulheres que fazem aborto por problemas financeiros.

O número chega a 57% no caso de pessoas com renda superior a 10 salários mínimos. Oitenta por cento dos católicos concordam com a realização do aborto nos casos de risco de vida da mulher e 59% discordam da condenação do aborto em qualquer caso pela Igreja.

A pesquisa, divulgada no jornal O Estado de S. Paulo, edição de sábado, em matéria assinada por Simone Iwasso, é muito importante para a defesa do direito da mulher de interromper a gravidez e para que o aborto seja tratado como problema de saúde pública.

Cinqüenta e nove por cento discordam da Igreja Católica e admitem aborto em certos casos. Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição da pesquisa nos Anais da Câmara dos Deputados para subsidiar o debate sobre essa importante questão que está tramitando na Comissão de Seguridade e Família.

Muito obrigado.

 

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR:

 

DIREITOS REPRODUTIVOS E RELAÇÃO IGREJA - ESTADO

Pesquisa IBOPE/CDD mostra opinião de brasileiros após a vinda do Papa Bento 16

Conduzida pelo IBOPE a pedido da organização Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), a pesquisa entrevistou 2002 pessoas em 141 municípios logo após a visita do Papa Bento 16.

Os brasileiros foram questionados sobre métodos anticoncepcionais, prevenção da AIDS, aborto legal nos serviços públicos, Estado Laico e circunstâncias nas quais se admite a realização do aborto. Os principais resultados são:

- 93% dos brasileiros afirmam que os serviços de saúde devem oferecer anticoncepcionais gratuitamente à população. O percentual chega a 96% no que se refere à promoção do uso de preservativos pelo governo para combater a Aids.

- 76% dos católicos se mostram favoráveis ao aborto legal nos serviços públicos de saúde. O número chega a 75% para o quadro geral de brasileiros. Ao serem questionados moradores de capitais com renda superior a dez salários mínimos, o índice de aprovação chega a 83%.

- 83% dos entrevistados disseram que o presidente de um país católico deve tomar suas decisões baseando-se na diversidade de opiniões e não nos ensinamentos da Igreja católica. Quando é questionada a tomada de decisões por pessoas que ocupam cargos no legislativo e no judiciário, o índice chega a 85% de apoio a diversidade de opiniões.

- 70% dos brasileiros com instrução até a 4a série apóiam o Estado Laico. Quando são questionadas pessoas que ganham mais de dez salários mínimos, o número chega a 97%. Alcança 95% quando são questionados brasileiros com nível superior. No caso dos católicos, 82% apóiam a multiplicidade de opiniões na tomada de decisões por deputados e juízes.

- 47% dos católicos discordam da condenação e da prisão de mulheres que fazem aborto por problemas financeiros, medo de perder o emprego, abandono do parceiro etc. O número chega a 57% de discordância quando são questionadas pessoas com renda superior a dez salários mínimos.

- 80% dos católicos concordam com a realização do aborto nos casos de risco de vida da mulher. Já 75% apóiam a interrupção da gravidez quando o feto apresenta problema grave e não tem chance de sobreviver após o nascimento. E 67% apóiam o aborto nos casos de gravidez resultante de estupro.

- 59% dos católicos discordam da condenação ao aborto em qualquer caso pela Igreja Católica. O índice chega a 64% quando são entrevistadas pessoas com idade entre 25 e 34 anos.

Quando comparado o percentual obtido pelo IBOPE, após a passagem do Papa, com a pesquisa Vox Populi, aplicada antes da visita do líder católico, observa-se a elevação de 14 pontos percentuais dos que discordam da Igreja por condenar o aborto em qualquer situação.

O índice passa de 45% em abril para 59% em maio. “Este dado é importante porque contradiz o discurso dos representantes da hierarquia da Igreja no Brasil, quando justificam sua campanha permanente de manifestações públicas contrárias ao aborto. Também evidencia a falta de sintonia do papa e dos bispos com o pensamento dos fiéis que eles dizem representar”, explica a coordenadora de Católicas pelo Direito de Decidir, Dulce Xavier.

 

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