Parlamento - Pronunciamentos

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Câmara dos Deputados

Genoino homenageia Che Guevara

O SR. PRESIDENTE - Concedo a palavra ao nobre professor José Genoíno, escritor de diversos trabalhos publicados e ex-Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores. S.Exa. é filiado ao PT desde 1980, está em seu sexto mandato e tão bem representa o Estado de São Paulo. S.Exa. dispõe de 5 minutos da tribuna.


O SR. JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero associar-me às várias manifestações ocorridas no plenário, em particular aos pronunciamentos das Deputadas Jô Moraes e Janete Pietá.


O Brasil e vários países do mundo homenageiam hoje Che Guevara que marcou profundamente a minha geração política. Sua morte ocorreu há exatamente 40 anos, quando eu cursava a Faculdade de Filosofia, presidia o centro acadêmico e militava no Partido Comunista do Brasil. A morte de Che marcou profundamente a geração dos anos 60.


Marcou em dor, no sentido de revolta, porém, marcou profundamente no sentido da esperança, da luta, da determinação. Seguindo o exemplo de Che, aquela geração que lutava contra a ditadura militar, que após o AI-5 foi para a resistência armada, praticou o ato mais generoso: deu a vida por aquilo que acreditava.


Claro que a experiência da luta armada na América Latina, representada simbolicamente pelo figura do Che, foi derrotada, e tiramos todas as lições dessa saga, dessa experiência, dessa escolha política, que deve ser analisada histórica e criticamente, não no sentido maniqueísta condenatório, não no sentido de querer passar um esponja na história com atos de heroísmo, de generosidade e bravura, mas no sentido de uma geração que, a exemplo de Che Guevara, buscou construir o sonho, a utopia.


E o que resta desta utopia e deste sonho? A idéia da igualdade social, da liberdade enquanto autonomia dos indivíduos e da coletividade, da justiça, da integração latino-americana, da luta contra o imperialismo, de apostar e de construir uma sociedade mais justa e mais humana. O Che representa para nós daquela geração, esse símbolo muito forte que penetrou nas consciências e nos corações de uma geração de jovens que, em seguida, após o AI-5, colocou a vida em risco, seja na tortura, no exílio, nos desaparecimentos políticos, no enfrentamento direto de armas à mão.


Eu acho que é importante lembrar essa história e fazer parte deste dia hoje em que lembramos da figura do Che, não apenas no sentido saudosista do passado, mas no sentido de trazer ao presente. E nós hoje estamos enfrentando os desafios, muitas vezes, caminhando no fio da navalha, de um Governo que é por dentro da ordem. Imaginávamos que a revolução seria contra a ordem, seria contra o status quo, mas agora estamos construindo por dentro da ordem, e temos desafios de resgatar valores que estamos a duras penas resgatando, como o valor da soberania, da luta contra a pobreza, o valor da cidadania, o valor da igualdade social, o valor da revolução, que se expressou no exemplo do Che como um ato político.


A revolução, além de um ato político, tem hoje para nós o sentido de uma alternativa, de um caminho, daqueles que têm como razão de vida a construção de uma sociedade justa, igualitária, democrática, pluralista, uma sociedade em que homens e mulheres sejam felizes. Esse é o resgate e o sentido de se lembrar os 40 anos da morte do Che.


Erros, derrotas, lições e riscos marcam essa história. Mas essa história teve uma causa, teve um sonho, teve um ideal. Não foi em nome pessoal, não foi em benefício de ninguém, foi em nome de uma causa. E essa causa, mudando o momento, mudando as formas, continua presente. Por isso, vale a pena dizermos: Che, você vive!


Muito obrigado.

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