Parlamento - Pronunciamentos

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LEMBRANÇA

Homenagem ao jornalista Sérgio de Souza

Câmara dos Deputados
Sessão: 049.2.53.O
Data: 26/03/2008
Horário: 14h20

Sr. presidente, sras. e srs. deputados, quero registrar o falecimento do jornalista Sérgio de Souza. Faço-o em forma de homenagem à sua militância profissional como jornalista. Foi fundador e editor das revistas Realidade e Bondinho. Integrou o grupo de jornalistas que fez história na imprensa brasileira, com ousadia enfrentou a ditadura e inovou a maneira de fazer jornalismo.

Atualmente, dirigia a revista Caros Amigos. Serjão é uma referência de profissionalismo, dignidade e de luta pela causa democrática e da igualdade social. Todos conhecemos o caráter independente da revista, os seus compromissos com os valores da esquerda nas suas entrevistas e reportagens. Caros Amigos é uma publicação essencial na informação e no debate sobre temas da conjuntura e da história do Brasil. Como exemplo, cito as coletâneas “Rebeldes Brasileiros” e “Ditadura Militar no Brasil”.

Foi um militante de esquerda que nunca se dobrou aos interesses e às conveniências dos grandes veículos de comunicação. Foi um exemplo de profissional independente, um lutador da democracia e um rebelde contra as injustiças, pautando suas relações pela solidariedade, lealdade e militância humanista.

Sua dignidade e coerência se manifestaram, inclusive, na maneira como enfrentou a doença e na não-espetacularização midiática do seu velório.

Senhor presidente, anexo ao meu pronunciamento e solicito a Vossa Excelência que seja transcrito no anais da Câmara dos Deputados um artigo do jornalista Juca Kfouri sobre Sérgio de Souza.

Sérgio de Souza - Jornalista, idealista da “Caros Amigos”
Por Juca Kfouri, publicado no blog http://blogdojuca.blog.uol.com.br/

Quando Bertolt Brecht escreveu que havia homens imprescindíveis porque lutavam a vida inteira, certamente pensou em alguém como o jornalista Sérgio de Souza. Quando Miguel de Cervantes imaginou seu cavaleiro magro, alto e inconformado com as injustiças, talvez conhecesse alguém como Souza viria a ser, numa carreira que fez do jornalismo, verdadeiramente, um sacerdócio.

O paulistano Serjão adentrou a profissão na Folha da Manhã, em 1958. Foi revisor, repórter e editor. Entre tantos trabalhos que desempenhou vida afora tinha orgulho de ter fundado e editado as revistas Realidade e Bondinho, que fizeram história no jornalismo brasileiro. Dirigiu ainda o jornalismo da Rede Tupi de Televisão, levou Osmar Santos para a rádio Globo e comandou a redação paulista do "Fantástico".

São raros os textos assinados por ele, embora alguns dos melhores já publicados país afora tenham a marca de seu lápis cuidadoso e perfeccionista, sensível e voltado para um mundo melhor.

Há mais de uma década, Serjão dirigia seu último projeto, a revista Caros Amigos, que ele próprio fundou - razão pela qual morre pobre e sem nenhum bem, exceção feita à convicção do que fez ao Brasil.

Morreu em São Paulo, de falência múltipla dos órgãos. Deixa sete filhos, dez netos e um a caminho, além da companheira Lana Novikow. Deixa, também, um lápis, preto, número 2.

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