1982-2002

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Uma alternativa democrática e reformadora

A aprovação definitiva da emenda da reeleição colocou na ordem do dia a definição do cenário de disputa da eleição presidencial de 98. O bloco conservador que se agrega no governo deverá lançar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à reeleição. O espaço que esta candidatura ocupa no espectro político e social praticamente sepultou as chances de uma candidatura de direita, como a de Paulo Maluf, e dificultou o lançamento de uma candidatura do PMDB. Neste partido manobra-se para que ele integre o condomínio da candidatura oficial. Dificilmente Itamar Franco conseguirá viabilizar sua candidatura pelo partido.

Este cenário sinaliza que a disputa será polarizada por FHC e pela candidatura de esquerda que vier a se constituir. Por isto é pertinente que se discuta desde já o leque de alianças e os pontos programáticos que servirão de base para esta candidatura. Num ato recente, realizado em Brasília, do qual participaram líderes como Brizola, Lula, Arraes, João Amazonas, entre outros, foi formalizado o compromisso de lançar uma candidatura única de oposição a FHC. Diante disto, e antes de mais nada, é preciso desfazer um obstáculo semântico. Qual seja, será uma frente de esquerda ou de centro-esquerda? Parece-me que esta discussão é irrelevante. O perfil de partidos como PDT, PC do B, PSB, PT, PV, PPS etc é de esquerda. Mas a frente deve estar aberta para o ingresso de setores de centro-esquerda. O importante é o conteúdo programático democrático e reformador — orientado para o progresso econômico e bem-estar social — que esta frente deverá assumir.

A constituição da frente de oposição democrática e reformadora se justifica por vários motivos. O principal diz respeito ao fato de que as diferenças entre esses partidos não são tão abismais que justifiquem candidaturas separadas. A união destes partidos pode conferir competitividade à disputa eleitoral. Por outro lado, é inegável que o governo vem colhendo desgaste crescente junto à opinião pública. Não sobra nenhum vestígio de social-democracia no governo de Fernando Henrique. O PSDB é o polo fraco do governo, um partido secundário e coadjuvante. O comando político do governo está entregue às mãos do PFL. O seu caráter conservador está atestado pelo completo abandono das políticas sociais. Mas, mesmo com o desgaste, é preciso considerar que FHC tem, ainda, enorme força eleitoral por conta do Plano Real. Agregar força política e social e constituir um programa eficiente e viável para enfrentar a aliança governista é uma necessidade imperiosa, sob pena da fragmentação levar a oposição a uma derrota desastrosa.

Se a necessidade da frente de esquerda é visível, obstáculos significativos devem ser superados para viabilizá-la. Os principais, são regionais: como conciliar os interesses de cada partido nos estados? Isto requer muita maturidade dos partidos e responsabilidade história das lideranças. Deve-se partir do critério geral de que os interesses nacionais, os interesses do país, devem prevalecer sobre os interesses regionais. Além disso, nenhum partido pode ter pretensões hegemonistas no interior da frente. Superados estes obstáculos, parece-me que a definição do candidato será mais fácil.

As recentes denúncias envolvendo o PT e Lula não devem ser empecilhos para a construção da frente. O PT, certamente está arcando com algum prejuízo político. Mas o Partido está agindo com absoluta transparência no caso e isto conta para o restabelecimento de sua credibilidade e de seu compromisso inquebrantável com a moralidade pública. Nomeu uma comissão para investigar as denúncias e prestará contas à sociedade sobre tudo o que vier a ser apurado. Pessoalmente, não acredito que Lula esteja envolvido em atos de corrupção.

Por outro lado, é preciso lembrar que, mesmo antes das denúncias, Lula nunca se colocou na condição de candidato inquestionável do PT ou de uma possível frente. Outros nomes, como o de Tarso Gerno, já estavam sendo discutidos. E embora eu prefira um nome do PT para candidato a presidente é preciso levar em conta que, em se tratando de uma frente, deve ser considerada a possibilidade da candidatura de um líder de outro partido.

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