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1982-2002

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Artigos


O calote de Maluf

O eleitorado de São Paulo foi vítima de um dos maiores calotes políticos de que se tem conhecimento. O ex-prefeito Paulo Maluf conseguiu vender através da propaganda a sua gestão à frente da Prefeitura como sendo ótima, mas agora se verifica que foi um desastre. Estourou todos os limites razoáveis de endividamento para realizar obras de duvidosa utilidade pública. Ou seja, boa parte das obras realizadas por Maluf tinha objetivo meramente eleitoreiro. Prova disto é o fechamento, nesta semana, do Hospital do PAS, "Engenheiro Amador Cintra Prado", inaugurado durante a campanha eleitoral que elegeu Celso Pitta.

O PAS (Plano de Atendimento à Saúde) foi apresentado durante a campanha como modelo de saúde para todo o país. Hoje o PAS está falido e o projeto Cingapura, de verticalização de favelas, paralisado. Outra novidade vendida durante a campanha, o Fura-Fila, não passa de desenho animado. Se a venda de ilusões eleitoreiras estivesse tipificada como crime que realmente é no código do consumidor, Maluf e Pitta deveriam ser processados pelo Procon. Com mais de R$ 9 bilhões de dívidas a Prefeitura está literalmente quebrada e a população de São Paulo sente os efeitos da crise em todas as áreas: do transporte à educação, das ruas esburacadas à saúde. Além da falência administrativa, São Paulo tem que suportar o fato desagradável de estar sendo governada por um prefeito que teve que pagar milhares de reais de multa à Receita Federal e de estar condenado pela Justiça por improbidade administrativa sujeito, inclusive, a perder o mandato. Apoiado por uma maioria política na Câmara Municipal, fator que impede o impeachment, Pitta, na verdade, deveria renunciar para que a cidade pudesse reencontrar algum caminho. A renúncia de Pitta deveria ser uma exigência da sociedade civil paulistana se é que ainda faz sentido a campanha de moralização política que destituiu Collor da presidência da República.

Paulo Maluf é tão ou mais responsável que Pitta pela crise da Prefeitura. Afinal de contas, foi sob sua gestão que ocorreram os atos de improbidade dos precatórios, do frangogate e que aconteceu o endividamento exorbitante. Ao longo de sua história, o malufismo teve diversas faces. Nasceu com a face autoritária da ditadura. Com a redemocratização, padeceu longos anos para reciclar-se. Hoje, por exemplo, é inócuo combater Maluf pelos seus vínculos com o regime militar. A ditadura é algo distante e a nova imagem do ex-prefeito é a de empreendedor e administrador competente. Mas é justamente neste terreno onde ele aparece forte, que se abre um flanco para que sua imagem positiva seja corroída.

Maluf, de fato, saiu fortalecido das eleições municipais de 96. Mas a sucessão de escândalos, a crise da Prefeitura e o desastre da gestão Pitta estão abalando a auréola de competência de Maluf. Até mesmo porque ele assumiu a inteira responsabilidade pela administração de seu sucessor chegando a afirmar que não concorreria a nenhum cargo público se Pitta fracassasse. Pesquisas mostram que Pitta é considerado o pior prefeito das capitais. O único oxigênio político que Maluf recebeu em 97 veio do presidente Fernando Henrique Cardoso, que estendeu a mão à política criminosa que foi e está sendo praticada na cidade de São Paulo.

A situação em que se encontra a cidade de São Paulo alerta para a necessidade do aperfeiçoamento das instituições democráticas não só na esfera federal, mas também nos estados e municípios. Acredito que é necessário adotar medidas institucionais mais eficazes para limitar a capacidade de endividamento de estados e municípios. O endividamento irresponsável não só inviabiliza a gestão seguinte, como penaliza a população por vários anos. A legislação eleitoral deve coibir também que as campanhas eleitorais de TV e rádio veiculem mentiras e manipulações eleitoreiras como as que ocorreram nas campanhas de Collor e Pitta. O uso manipulatório dos programas de TV, além de agredir a boa fé do eleitorado, desgastará cada vez mais a propaganda eleitoral gratuita.

O desastre Maluf/Pitta na Prefeitura e o fato paradoxal do ex-prefeito ainda liderar as pesquisas de intenção de voto para a sucessão do governo paulista, suscitam especulações para a formação de uma frente anti-malufista nas eleições deste ano. Este não é o melhor caminho, nem do ponto de vista político nem eleitoral. PT e PSDB, no estado, postulam visões diferentes que não legitimam uma aliança no primeiro turno. Uma aliança no primeiro turno cheiraria a um certo maniqueísmo. Agora, portanto, trata-se de decidir quem, entre o PT e o PSDB, se habilita para ser o oposto positivo ao que o malufismo tem de negativo. Somente esta disputa de espaço poderá construir as pontes para um apoio mútuo entre os dois partidos no segundo turno, a partir da redefinição de um programa de governo para estado.

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