1982-2002

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Maluf e o PFL

A aliança Maluf-PFL, que implicou uma substantiva mudança no secretariado do prefeito Celso Pitta, tem mais de um significado político. Em primeiro lugar, ela se destina a melhorar a imagem da desastrada administração Pitta. O colapso da atual gestão vem provocando uma sangria significativa do eleitorado de Maluf na Capital, como mostra recente pesquisa do Datafolha. Maluf precisa reverter rapidamente este quadro para não correr riscos maiores nas eleições. O custo desta investida é a desmoralização pública do prefeito, que apareceu no episódio como marionete de seu padrinho político.

Além da tentativa da reversão do quadro negativo, Maluf procura, ao entregar postos importantes do secretariado municipal ao PFL, capturar este partido para uma aliança na disputa estadual. Com isso, ampliaria seu tempo de propaganda na TV, evitaria a repetição da aliança Covas-PFL ou uma candidatura própria do PFL que, possivelmente, fragmentaria o eleitorado conservador.

Mas o comando nacional do PFL também está interessado na aliança com Maluf. O partido começou a jogar as preliminares da sucessão presidencial para 2002. Depois do apoio a duas candidaturas de FHC, o PFL trabalha para indicar candidato próprio, seja na hipótese da manutenção da aliança com o PSDB ou seja na hipótese da dissolução dessa aliança. O PFL está atendo aos movimentos de Fernando Henrique que, ao atrair o PMDB, procura relativizar o peso do PFL no conjunto de forças que o apoiam. A aproximação com Maluf representou uma resposta aos acenos do tucanato ao PMDB . Este jogo ainda está em curso e seu desfecho é imprevisível. A única coisa que parece estar assegurada é que a aliança centro-conservadora se manterá coesa em torno da candidatura à reeleição de FHC. Ela se cindirá, contudo, nos estados com vários palanques. Do ponto de vista eleitoral, as candidaturas estaduais e presidencial da esquerda poderão tirar proveito das cisões governistas em torno das disputas para os governos dos estados.

Outro desdobramento importante da aliança Maluf-PFL deverá ocorrer na sucessão do governo paulista. A candidatura Covas deverá ocupar um espaço mais de centro-esquerda entrando em áreas de intersecção com a candidatura do PT. A lógica política sinaliza que um eventual segundo turno deverá ter Maluf e Marta Suplicy ou Maluf e Covas. Assim, é razoável supor que PT e PSDB estarão, no segundo turno, no mesmo campo eleitoral contra Maluf. A visualização desse cenário é importante para determinar a tática eleitoral do PT. Maluf e Covas são diferentes e a tática eleitoral deve levar em conta estas diferenças. O PT deverá polarizar de forma diferenciada tanto com Covas como com Maluf. Mas a polarização com Covas deverá ser feita de tal maneira que não inviabilize o apoio dos tucanos ao PT no segundo turno, ou vice-versa. O PT, acima de tudo, tem responsabilidade com a sociedade. O sacrifício social que significa um governo Maluf está sendo sentido pelos paulistanos. Isto não pode se repetir no estado.

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