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Com o crescimento eleitoral do PT verificado nessas eleições muitos analistas e articulistas políticos buscam estabelecer as razões desse sucesso. Alguns chegaram à conclusão de que o bom desempenho do PT em Porto Alegre se funda nas mesmas razões do bom desempenho do malufismo em São Paulo. Ambas as políticas estariam alicerçadas na lógica do bom gerenciamento da administração pública. Este, de fato, é um aspecto importante mas secundário na explicação do sucesso do PT. O que explica o crescimento do PT são fatores que o diferenciam profundamente do malufismo.
O PT afirmou no processo político recente um perfil de oposição às políticas neoliberais, apresentou-se como um partido que luta pela ampliação dos espaços democráticos na sociedade e no Estado e como uma alternativa programática centrada nas políticas sociais. O conjunto dessas proposições ganhou uma significação simbólica nos slogans "o modo petista de governar" ou "o PT é bom de governo". O PT foi o partido mais votado nas capitais e isso legitimou plenamente a alternativa política que representa.
A experiência que o PT desenvolveu nas prefeituras agrega três grandes eixos político-programáticos. O primeiro diz respeito à concepção democrática do Estado e da relação entre cidadão e governo municipal. A experiência mais relevante nesse sentido é a do Orçamento Participativo desenvolvida em Porto Alegre. O Orçamento Participativo envolve um elevado grau de participação do cidadão nas definições das prioridades do município e um controle da sociedade organizada sobre o poder público.
De modo geral, as administrações do PT abrem espaços para todos os agentes sociais como associações comunitárias e de bairros, entidades empresariais, sindicatos, movimentos específicos etc. A própria relação das administrações petistas com os adversários políticos tem sido positiva e de integração na busca de soluções para os problemas locais. O PT desenvolve, de fato, administrações para o conjunto da sociedade, mas com prioridades claramente definidas. As experiências de parceria com a iniciativa privada desenvolvidas em Ribeirão Preto são um exemplo disso. O PT consegue fugir ao estatismo autárquico sem cair no Estado mínimo. Com isso não retira o poder público da tarefa de fornecer bens e serviços públicos, uma das principais funções do Estado moderno. Essa visão do Estado, que combina eficiência gerencial com objetivos sociais, começa a afirmar-se como alternativa à mera privatização do poder público levada a efeito pelo bloco partidário PSDB/PFL e pelo PPB de Maluf.
A segunda marca que as administrações do PT afirmam se refere à forte transparência com a coisa pública. A transparência não diz respeito simplesmente ao fato de que não houve casos significativos de corrupção, tão comuns na política brasileira, nas administrações petistas. O que está em curso é um novo conceito de transparência com a prática de prestar contas não só aos órgãos fiscalizadores, mas à sociedade. O cidadão é informado sobre o volume de recursos arrecadados e sua destinação, em respeito ao princípio de que a esfera pública é o espaço coletivo da comunidade e não a coisa privada dos políticos.
Por fim, as administrações do PT estão investindo prioritariamente em políticas públicas melhorando significativamente a qualidade de vida dos munícipes. Programas de saúde, educação, transportes coletivos, saneamento, urbanização etc estão conseguindo solucionar deficiências crônicas em várias cidades. Foi a partir de projetos e programas implementados nessas áreas sociais que as administrações do PT ganharam reconhecimento nacional e internacional.
O PT amadureceu uma proposta alternativa de gestão municipal, que hoje adquire visibilidade em todo o país. A idéia de que "o PT é bom de governo" é expressão dessa experiência positiva. O paradigma petista de governo aumenta a competitividade eleitoral entre os partidos. Como resultado, o capital político construído pela experiência do PT começa a condicionar positivamente e a se generalizar na prática dos outros partidos políticos. Quem ganha com isso é o cidadão.