1982-2002

Artigos | Projetos | Docs. Partidários

Versão para impressão  | Indicar para amigo

Artigos


Entrevista à Revista Manchete

Não tem sido muito radical a atitude assumida pelas oposições ao pedir o impeachment do presidente FHC?

As oposições estão simplesmente cumprindo um dever constitucional e legal. Não divulgamos o conteúdo dos grampos, nem participamos do leilão das teles. Estamos apenas pedindo uma CPI. E mais que pedir uma CPI, estamos cumprindo um ditame constitucional ao representar contra o presidente. Estamos fazendo isso dentro do estado de direito, que é o Congresso.

A representação não implica necessariamente no impeachment. A representação é apenas para a formação dentro da Câmara de uma comissão especial para investigar o presidente. E a única instituição que pode investigar o presidente é justamente a Câmara. Para cassar ou não cassar o presidente, dependendo do resultado das investigações. O que a oposição não pode é ficar omissa diante de fatos tão graves.

A oposição está agindo de acordo com a gravidade dos fatos. Não são fatos novos, mas existem informações gravíssimas. Então o Lara Rezende fala nas fitas que o Banco do Brasil estava perseguindo interesses que não eram corretos. Isso é da maior gravidade. Esta denúncia é grave. Quem é que manda no Banco do Brasil? Não é o presidente da República? E Lara Rezende pede autorização do presidente para forçar a aliança da Previ com o Opportunity?

O presidente vem tachando de levianas as acusações que fazem ao seu governo, advertindo ainda para os riscos institucionais que as oposições poderão nos conduzir...

A democracia corre riscos com a degradação moral e ética, ocasião em que o cidadão comum perde a confiança na democracia e nas suas instituições. Por exemplo, o país acorda e parece que todo mundo está com seus telefones grampeados. Por que esses grampos não foram apurados desde o começo do governo com o caso Sivam? Por que há sete meses a Polícia Federal não deu resposta aos que fizeram grampos no BNDES? E o grampo na PF de uma banda da corporação contra a outra? Tudo isso cria uma insegurança maior.

Quem armou esses grampos?

É o que queremos saber. Achamos que o governo deveria ser o maior interessado nestas investigações. Por que tanto medo?

O presidente se defende, argumentando que ele estava fazendo com que as teles fossem mais bem arrematadas.

Então, por que o leilão não foi adiado? No momento em que uma empresa, considerada pelos promotores, como telegangue, apresentava chances de ser vitoriosa, o mínimo que se exigia da autoridade pública era o adiamento do leilão. Aliás, a oposição não só vinha pregando a necessidade do adiamento, como chegou a entrar na justiça para isso. Nada disso foi feito. Não compete a autoridade fazer juízo de valor acima da lei. Ela não pode, num leilão, revelar preferência por um dos licitantes. E se o Opportunity tivesse vencido o leilão? O presidente teria cometido crime?

Em todas as crises institucionais vividas pelo Brasil, em que houve radicalização política, as esquerdas não terminaram vítimas desse processo?

Por isso não queremos nem estamos promovendo crise institucional. O que desejamos é o respeito à Constituição. E nos pressupostos do estado de direito democrático está o ato de fiscalizar e de investigar. Se a oposição assim não o fizer, estará cometendo o erro da omissão. Acho que não há risco de crise institucional. A desmoralização das instituições é que pode nos conduzir à crise institucional.

O governo Itamar Franco tem estado muito identificado politicamente com as oposições nos últimos acontecimentos, Itamar pode ser candidato das oposições à presidência?

Quem precipitou o debate sucessório em 2002 foram os líderes do PSDB e do PFL. A oposição acha que este não é o momento para discutir 2002, devendo todos se concentrar em enfrentar a crise.

O que o PT pensa de Itamar Franco?

Temos pontos de convergência nas críticas ao modelo econômico, mas temos também divergências. O PT não concorda com a palavra de ordem da renúncia de FHC, como não concorda com a idéia das eleições gerais. Nós queremos seguir o livrinho, que é a Constituição. Ele tem caminhos e remédios para enfrentar a crise.

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: