1982-2002

Artigos | Projetos | Docs. Partidários

Versão para impressão  | Indicar para amigo

Artigos


O Governo Covas vai mal

A volta do governador Mário Covas à atividade política, depois de superar o câncer que o acometeu, foi marcada pela evidência do insucesso de seu governo e pela dificuldade de sua figura se afirmar como alternativa presidencial para 2.002. O governador se envolveu em inúmeros conflitos, desde bate-boca com funcionários públicos até escaramuças com integrantes da base governista no plano federal.

De qualquer forma, isto não o salva do fracasso de seu governo em diversas frentes: Na área social, por exemplo, foi um dos principais alvos da greve dos caminhoneiros; foi atingido pelos conflitos dos sem-terra; revelou-se desastroso na administração da Febem; não consegue enfrentar a crescente onda de violência e nem melhorar a segurança pública; o seu programa de frentes de trabalho está apresentado resultados aquém do esperado; não implementa outras alternativas de combate ao desemprego etc.

No embate federativo, também acumulou derrotas: perdeu na disputa com o senador Antônio Carlos Magalhães em torno da localização da fábrica da Ford, na Bahia; sancionou o "Simples Paulista", para depois revogá-lo ante as pressões que vieram de todos os lados e apesar de criticar aspectos do projeto de reforma tributária do governo tende a submeter-se a ele. O mesmo ocorre com as perdas de receitas do Estado: apesar de denunciá-las, submete-se aos desígnios centralizadores do governo federal. Ainda nesse âmbito, o governador enviou à Assembléia Legislativa um polêmico projeto de reforma da previdência social dos servidores públicos estaduais, cujo objetivo é a redução de gastos com pessoal desencadeando descontentamentos e mobilizações.

Não resta dúvida que boa parte dos problemas enfrentados pelo Estado de São Paulo, a exemplo dos demais Estados, decorre das distorções federativas. São Paulo, através de seu governador, deveria ter uma atitude de liderança junto aos outros Estados no sentido de propor uma repactuação federativa e uma reforma tributária que garanta mais recursos e mais autonomia aos estados. A atuação do governo paulista nesse debate, no mínimo, pode ser classificada de tímida. Nos últimos quatro anos e meio, a queda de receitas em São Paulo tem se dado de modo sistemático. A secretaria da Fazenda paulista estima que este ano arrecadará R$ 18 bilhões, quando no passado chegou a arrecadar algo em torno de R$ 20 bilhões. Considerando a inflação, a perda é realmente significativa. O aperto financeiro presente faz com que o governo opte por novos cortes e a mais acelerada diminuição do Estado, de modo a que se possa compatibilizar receitas e despesas. Em vista disto, podemos prever, com total segurança, que o governador enfrentará uma forte onda de protestos por parte do funcionalismo público e de várias entidades da sociedade civil.

Todos esses fatores, fracasso na política social e dificuldades nas esferas administrativa e fiscal, somados ao desemprego que na Região Metropolitana da Grande São Paulo apresenta um índice de 19,9%, que, segundo a Fundação Seade, corresponde a 1.784.000 trabalhadores desempregados, tendem a agravar o clima de tensões sociais no Estado. O colapso dos serviços públicos municipais, principalmente na capital, também é um fator de agravamento da crise social e de geração de conflitos.

Por fim, o desgaste do governo Covas como um todo, fecha-lhes espaços para a articulação de sua candidatura a presidente para 2.002. É verdade que uma visualização mais clara do quadro sucessória só deverá ocorrer no final de 2.001. Mas nesse momento se observa uma profunda indefinição no conglomerado político que dá sustentação ao governo de Fernando Henrique. Sequer há uma indicação mais precisa sobre qual caminho que PDSB, PMDB e PFL seguirão em 2.002. É nesse ambiente de confusão e crise que Covas enfrenta uma clara dificuldade de ocupar um espaço de centro. Já à esquerda e centro esquerda, o espaço de Covas está interditado pelo PT. E à direita, pelo PFL, que, com o senador Antônio Carlos Magalhães insinua separar-se dos tucanos.

Busca no site:
Receba nossos informativos.
Preencha os dados abaixo:
Nome:
E-mail: