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A ascenção da esquerda na América Latina

A vitória do oposicionista Fernando de la Rúa, nas últimas eleições da Argentina, confirma a tendência de ascensão de partidos de esquerda ao governo. Esta tendência já se manifestara na Venezuela com Hugo Chavez e pode reiterar-se nas próximas eleições no Uruguai. Não é apenas uma tendência latino-americana: quase todos os países que fazem parte da União Européia são governados por partidos de esquerda. Não se trata assim de mera coincidência, mas de uma lógica inscrita nos acontecimentos políticos, econômicos e sociais.

A ascensão da esquerda indica que os programas neoliberais e conservadores só podem ser aplicados até determinado limite e apenas em algumas esferas do Estado. Na medida que radicalizam suas metas de desmonte do Estado Social, os partidos conservadores sofrem um inequívoco rebate nas urnas. Foi isso o que ocorreu na Europa. Além da preservação das conquistas sociais, as sociedades européias queriam governos que colocassem como prioridades de suas agendas o desemprego e novos temas sociais.

Na América Latina, a tendência de vitória de partidos e coligações de esquerda e centro-esquerda incorpora outras variáveis. Nos últimos dez anos, os governos conservadores da região, principalmente no Brasil e na Argentina, aplicaram programas de reformas voltados para a desregulamentação das relações de trabalho, desmonte do Estado via privatizações e reformas administrativas, corte de investimentos sociais, abertura comercial etc. O resultado dessas reformas já é conhecido até mesmo por organismos como o Banco Mundial: desemprego, desnacionalização da indústria e do comércio, endividamento público, mais pobreza tanto interna quanto em relação aos países mais ricos, déficits externos, estagnação econômica etc. O deslocamento do eleitorado para a esquerda representa uma réplica da sociedade contra os efeitos desastrosos da aplicação dos programas neoliberais. Em suma, as reformas conservadoras fracassaram não só do ponto de vista social, mas também na propalada tese de que trariam desenvolvimento e progresso econômico. A vitória da esquerda, no entanto, não deve significar um retorno ao Estado burocrático e autárquico, mas a implementação de reformas com outro conteúdo, buscando progresso econômico e justiça social.

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