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Guerra à corrupção: a vez do eleitor

O Brasil, nos últimos tempos, foi tomado por uma onda de corrupção sem precedentes: da máfia dos fiscais à ajuda ao bando Marka de Salvatore Cacciola, dos escândalos na Prefeitura e na Câmara de São Paulo ao caso Eduardo Jorge, do TRT de São Paulo às centenas de obras superfaturadas, são bilhões de reais que migraram dos cofres públicos para contas de políticos e funcionários corruptos e de empresas que superfaturaram obras públicas. Nas prefeituras, nas câmaras de vereadores, nas Assembléias Legislativas, na administração pública, em todas as instâncias, a corrupção é generalizada.

A corrupção não se restringe a um problema moral. Estudos de especialistas indicam que ela se tornou um dos principais fatores que entrava o desenvolvimento do Brasil. Uma organização de empresários, Transparência Brasil, indica que se a corrupção diminuísse em apenas 10% do que ela é praticada, a renda das pessoas duplicaria em poucos anos. O verdadeiro custo Brasil hoje é a corrupção.

Ela inviabiliza a saúde pública, o ensino adequado, a moradia popular, o saneamento básico, as estradas, a infra-estrutura pública etc. Ela incide sobre os salários e o emprego. Imagine-se que o Brasil arrecada 33% do que produz (PIB) em impostos. Os Estados Unidos arrecadam 29% e o Japão, 28%. Compare-se os serviços públicos dos Estados Unidos e do Japão com os do Brasil e será fácil chegar à conclusão de que grande parte dos nossos impostos é levada pelos corruptos de plantão.

Mais impostos significa menos renda para o cidadão. A falta de investimento público em serviços e infra-estrutura é um fator de atraso do desenvolvimento econômico e deteriora a qualidade de vida da população. Quando um empresário precisa pagar polpudas propinas a um fiscal corrupto, deixa de dispor de dinheiro para melhorar os salários de seus funcionários. Muitas vezes, empresários preferem pagar propinas a pagar impostos. Neste caso, perdem seus funcionários e perde a sociedade como um todo.

A corrupção e sua impunidade tendem a generalizar a criminalização das relações sociais. Na democracia, se o exemplo não for dado pelos governantes, outros setores sociais se sentem no direito de praticar atos ilícitos para obter vantagens. Se a corrupção não é punida, gera-se uma sensação de permissividade, de vale tudo, uma prática de desobediência as leis, transformando a democracia em anarquia. Num ambiente desses, o poder público, as instituições e a autoridade ficam desmoralizadas e impotentes para agir. É mais ou menos esta sensação que se vive hoje no Brasil. Afinal de contas, o Estado, ao arrecadar muitos impostos, ao permitir que o dinheiro público seja roubado, e ao não devolver quase nada à sociedade, torna-se o maior assaltante do bolso dos cidadãos.

A corrupção precisa ser combativa, entre outras medidas, com leis mais duras, com o aperfeiçoamento dos mecanismos públicos de fiscalização e controle, com a criação de conselhos da sociedade para acompanhar a destinação e o uso de verbas em várias esferas da administração e com reformas que determinem que a aplicação dos orçamentos públicos seja automática.

Mas o eleitor precisa fazer sua parte. Neste ano de eleições municipais, precisa barrar os candidatos a prefeitos e vereadores sobre os quais pesam denúncias e suspeitas de corrupção. O eleitor tem o dever de se informar sobre o caráter dos candidatos. Não é mais possível acreditar que o "rouba mais faz" produz algum tipo de vantagem para a sociedade. O que a corrupção produz são dívidas, que terão que ser pagas pelas gerações futuras, quebradeira nos serviços públicos, atraso econômico e miséria social e moral.

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