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Entrevista sobre o escândalo do TRT/SP

Ao incriminar o PT pelo desvio de verbas ao TRT/SP, governo tenta desviar a atenção, afirma Genoino

Os jornais têm dado destaque às declarações do deputado Artur Virgílio e outros parlamentares ligados ao situacionismo, que acusam deputados do PT de haver assinado a emenda que alocava recursos para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. Em tais condições, eles estariam tão comprometidos quanto FHC nas maracutaias do juiz Nicolau dos Santos Neto. A propósito desse assunto, o Correio ouviu o deputado José Genoino, da bancada paulista do PT. Veja abaixo entrevista exclusiva.

Correio: O deputado Artur Virgílio declarou à imprensa que, se FHC tem culpa na liberação da verba para a construção do edifício do Tribunal Trabalhista de São Paulo, o PT está na mesma situação, pois deputados petistas assinaram a emenda que alocava verbas para essa construção no orçamento. Como o Sr. reage a esse ataque?

José Genoino: Não é verdade que o PT tenha assumido a emenda para a construção do edifício. Em uma reunião da bancada de deputados paulistas, para fazer uma listagem das emendas de interesse do estado, os representantes do PT assinaram a Ata em que se registravam os dez projetos que tramitariam na Comissão de Orçamento. Cada partido fez suas indicações e todos assinaram a Ata. Essa é uma praxe habitual e necessária para o funcionamento do Congresso. A assinatura não implica compromisso quanto ao mérito das emendas listadas. Se a bancada petista não assinar emendas apresentadas por deputados de outros partidos, estes não assinam as do PT e estas nem sequer tramitam, pois, tendo apenas 50 deputados, nosso partido não atinge o número requerido para a tramitação das emendas sem assinaturas de deputados de outros partidos.

É importante assinalar ainda que, na data da reunião da bancada paulista para elaboração da lista de emendas que iriam tramitar na Comissão, não havia parecer do Tribunal de Contas levantando dúvidas sobre a utilização das verbas destinadas à construção do edifício. Logo, os deputados que assinaram a Ata não tinham conhecimento de qualquer irregularidade. O que constava da lista era uma verba para a construção de um prédio que todos consideravam, e que continua sendo, necessário para o adequado funcionamento da justiça trabalhista em São Paulo.

Finalmente, quando surgiu o parecer do Tribunal de Contas, o deputado João Fassarela, representante do PT na Comissão de Orçamento, cortou todas as emendas destinadas ao edifício em questão, no orçamento de 1999.

Correio: Diante de explicações tão cristalinas, por que os deputados do governo procuraram envolver o PT no "imbróglio"?

JG: Ao levantar essa questão, eles estão adotando a prática do gambá: espalhar mau-cheiro para desviar a atenção. O PT não teme qualquer investigação. Quem está evitando a CPI é o governo, porque teme que uma investigação sobre as atividades de Eduardo Jorge, do ex-juiz Nicolau e do ex-senador Luiz Estevão acabe mostrando as ligações desse grupo com a cozinha do Palácio do Planalto.

Correio: Uma vez que já está provado que FHC assinou a liberação da verba, qual seria o objeto da CPI?

JG: O problema não é a liberação da verba, mas a localização do dinheiro desviado e o autor do desvio. Afinal, entre o que foi entregue pelo Tesouro e o que foi surrupiado pelo juiz Nicolau, há um rombo de cerca de 90 milhões de Reais cujo destino é ignorado. O destino desse dinheiro é que a CPI deve apurar.

Correio: Se uma CPI implicar Eduardo Jorge em falcatruas, o fato de ter sido ele um assessor direto de FHC pode ser causa de "impeachment" do presidente?

JG: Se ficar provado que ele e só ele é o responsável pelas falcatruas, obviamente o problema será só dele, Eduardo Jorge; mas se o Congresso ou o Ministério Público estabelecerem alguma intervenção de FHC nos negócios escusos do ex-Secretário Geral da Presidência, o processo de "impeachment" se imporá.

Entrevista ao site Correio da Cidadania

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