1982-2002

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'Não vamos fazer revolução', diz Genoino

Candidato ao governo de São Paulo, petista ensaia discurso de campanha

O candidato do PT ao governo paulista é um ex-guerrilheiro que não tem mais o marxismo como referência nem aceita dogmas ccomo a estatização dos meios de produção. Aos 55 anos e depois de cinco mandatos, o deputado federal José Genoino, o mais votado do País, vai encarar pela primeira vez uma disputa a um cargo executivo. "Vamos saber engolir os sapos", diz, já prevendo uma campanha recheada de ataques. Moderado, jura que a sociedade não deve temer o partido capitaneado pelo presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva. "Não vamos fazer nenhuma revolução nos moldes que a esquerda sempre defendeu", garante.

Genoino tem um plano para a segurança pública incomum para um petista: sem rodeios, defende até mesmo a Rota nas ruas. O deputado chama o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de "omisso e burocrático", diz não menosprezar o malufismo e, embora esteja montando um leque de alianças com o PSB e o PDT, está disposto a conversar até com o ex-governador Orestes Quércia (PMDB).

"Não podemos ser partidários do isolamento", alega.

Estado - Qual será o eixo de sua campanha?

Genoino - Queremos recuperar o papel do governo como indutor do crescimento econômico. Temos um governo burocrático e omisso diante dos desafios. O governador Geraldo Alckmin tem de botar a cabeça para fora. Mas a campanha vai tirá-lo da toca. O projeto dos tucanos consiste em privatizar, administrar a dívida e coletar impostos.

Estado - E a Prefeitura de São Paulo, administrada pelo PT, que briga pelo IPTU progressivo? Qual a diferença?

Genoino - É preciso ter tributos justos e progressivos. Um governador tem que coletar impostos, mas não pode fazer só isso. O Estado fez um ajuste fiscal que se transformou num fim em si mesmo. Não temos um banco de fomento para incentivar o crescimento econômico. O modelo de educação está um desastre, o de segurança pública é ineficiente.

Estado - O sr. defende a Rota nas ruas?

Genoino - Defendo uma polícia ostensiva e forte nas áreas críticas. Se for necessário, com a Rota na rua e um comando devidamente preparado.

Estado - O sr. participou da guerrilha do Araguaia. Era da esquerda radical e hoje é considerado a direita do PT. Por que mudou?

Genoino - Mudei sem mudar de lado. Meus compromissos com a sociedade igualitária, justa e democrática continuam. Mas não sou mais dono da verdade. Acho que a política é a arte da negociação e da disputa.

Estado - O sr. também já disse não ter mais o marxismo como referência.

Hoje, o sr. é social-democrata?

Genoino - Não. Há referências positivas na social-democracia, no marxismo e em outras correntes de pensamento. Critico é o modelo de socialismo autoritário, monolítico, estatizante.

Estado - Mas o PT, chegando ao poder, fará ou não uma revolução?

Genoino - Não vamos fazer uma revolução nos moldes em que ela foi pensada e defendida pela esquerda. No Brasil, quem combate a corrupção, o desemprego, a injustiça social e quer democratizar as oportunidades já é revolucionário.

Revolução não é mais tomar o poder, nem estatizar a economia e os meios de produção. Ser revolucionário é ter uma sociedade na qual as pessoas possam almejar a felicidade, material, cultural e espiritual. Queremos mudar o que está aí pelo caminho democrático, respeitando os acordos, as leis e o Estado de Direito.

Estado - Como evitar que denúncias envolvendo o governo gaúcho com o jogo do bicho atinjam a campanha do PT em 2002?

Genoino - Não vão conseguir pôr o PT na defensiva. Defendemos o governador Olívio Dutra e, além disso, já mostramos que sabemos cortar na própria carne. Não aceitamos que alguns partidos queiram fazer essa guerra contra o PT quando não aceitam investigação. Aqui em São Paulo, por exemplo, não deixam instalar uma CPI para investigar aditamentos ilegais feitos no Rodoanel.

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