1982-2002

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A sucessão presidencial

A pouco mais de um ano das eleições presidenciais de 2002, o quadro político e de candidaturas permanece com um alto grau de indefinição. A rigor, definida existe apenas a candidatura do PT. As prévias entre Lula e o senador Eduardo Suplicy tendem para uma resolução favorável ao primeiro, atual líder nas pesquisas. Ainda no âmbito das oposições, três outras possibilidades de candidaturas permanecem postas: Itamar Franco, Ciro Gomes e o governador do Rio, Anthony Garotinho.

A candidatura Itamar foi a que sofreu o maior revés nas últimas semanas. A razão disso são as ambigüidades do PMDB, partido fragmentado em vários grupos, indeciso entre ser governo ou ser oposição e atingido pelas denúncias que envolvem o senador Jader Barbalho. Esses problemas internos e o crescimento da ala governista proporcionada pela intervenção da máquina do governo federal são fatores que tiram fôlego à candidatura Itamar. Na medida em que sua viabilização depende de uma estrutura partidária nacional, de tempo de televisão e de uma opção oposicionista do PMDB, neste momento, fortalecem-se os condicionamentos contrários à sua candidatura.

A candidatura Itamar, no entanto, não está definitivamente inviabilizada. Os próprios governistas do PMDB acenam com a possibilidade de usá-la como trunfo na negociação do partido para definir seu lugar na aliança governista. Se o PMDB for preterido na definição do vice na chapa governista, podem recrudescer as pressões internas por uma candidatura própria. É preciso levar em conta que, se o PMDB não obtiver um lugar de destaque nessa aliança e permanecer nela numa posição subalterna, poderá ir para o matadouro político: tende a ter uma redução drástica nas bancadas federal e estaduais e terá dificuldade de eleger governadores em Estados importantes. Caso não seja candidato a presidente, é improvável que Itamar aceite ser vice de Ciro. Terá opções melhores: disputar a reeleição para o governo de Minas ou uma cadeira para o Senado.

As candidaturas Ciro e Garotinho enfrentam problemas semelhantes: a definição de espaços políticos e programáticos específicos, estruturas ou alianças partidárias com dimensões nacionais e tempo de televisão. Além de disputarem franjas do mesmo espaço e possivelmente do mesmo eleitorado, essas duas candidaturas tendem a ficar espremidas entre o candidato do PT e o candidato do governo. Ciro enfrenta uma ação deliberada do governo, que busca restringir seus espaços e a agregação de apoios. Já Garotinho, ao misturar religião e política, corre o risco de ter sua candidatura caracterizada como facciosa e, portanto, incapaz de elevar-se à condição de aspirar um apoio majoritário.

Na área do governo, a indefinição é ainda maior. José Serra, Tasso Jereissati, Pedro Malan e Paulo Renato são os mais citados como possíveis candidatos. O crescimento nas pesquisas de intenção de voto da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, torna-se um complicador a mais e um fator que aumenta o cacife do PFL no arranjo da aliança governista. O crescimento de Roseana aumentará também a disputa e as tensões entre PFL e PMDB para definir quem ocupará a vaga de vice na chapa oficial.

A definição do candidato do governo depende de variáveis mais complexas.

Depende de definições internas de cada partido, do acerto entre os partidos da base de apoio, da evolução da situação econômica do País e do grau de desgaste ou de recuperação da avaliação popular do presidente Fernando Henrique. Estas dificuldades e o grau de desgaste do governo no momento, no entanto, não podem induzir ao erro de que o candidato do governo está fora do páreo. O governo conta ainda com um certo tempo para se recuperar. Conta com a máquina federal e com poder de pressão sobre legendas como PTB, PPB e PMDB para que se mantenham agregadas à base governista. Além do maior tempo na tevê, o candidato do governo terá as maiores fontes de financiamento de campanha, um fator importante na viabilização de qualquer candidatura.

Mesmo sabendo que em política as reviravoltas de tendências são freqüentes e que as previsões costumam falhar, e mesmo levando-se em conta o quadro de indefinições, não deixa de ser possível projetar uma perspectiva para as eleições presidenciais de 2002. Levando-se em conta o desgaste do governo e a provável existência de mais de duas candidaturas competitivas, tudo indica que haverá um segundo turno. A persistência da liderança consolidada de Lula, e se o governo não for nocauteado em definitivo pela crise econômica, o primeiro e o candidato governista devem passar para o segundo turno. O momento é favorável à oposição, que precisa trabalhar duro e ter muita habilidade política, já que o governo não pode ser subestimado

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