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Na Rota do ex-guerrilheiro

Candidato petista ao governo de SP é criticado no partido por querer que a Rota, o controvertido esquadrão de elite da PM paulista, seja mais enérgica nas ruas

“Quero tirar a Rota do palanque malufista”, diz Genoino

O deputado federal José Genoino diz que gosta muito de Carnaval. Convidado este ano para desfilar pela escola de samba paulista Nenê de Vila Matilde, afirmou que iria aos ensaios, mas não aceitou atravessar a passarela do samba. “Nunca desfilei. Se o fizer este ano, vai soar como propaganda eleitoral.” Genoino é candidato do PT ao governo do estado de São Paulo. Preocupado em não se aproveitar de uma situação para fazer marketing próprio, Genoino, porém, foi acusado de marqueteiro ao afirmar que é a favor de uma atuação mais enérgica da Rota – o esquadrão de elite da Polícia Militar, muitas vezes acusado de violento – nas ruas paulistas. “Fizemos 13 debates antes da prévia do partido que o escolheu como candidato e em nenhum ele se posicionou dessa maneira”, reclama o deputado estadual petista Renato Simões, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo. “Me parece uma estratégia que ele concebeu não sei com quem, mas foi uma tentativa desastrada de acender um debate.”

Aos 55 anos, deputado federal mais votado do País, Genoino é um ex-guerrilheiro do PC do B que foi preso, em 1972, na região do Araguaia – hoje, Tocantins. Ficou cinco anos atrás das grades e sofreu nas mãos de policiais truculentos. “Fui preso três vezes. Apanhei muito de polícia, mas não guardo ressentimento e nem ódio. Então, defendo uma polícia montada no tripé prevenção, investigação e repressão.” Além de soar estranho um ex-guerrilheiro exigir mais energia da polícia, o fato de Genoino afirmar que quer a Rota nas ruas coincide com um batido lema de palanque do candidato Paulo Maluf. “É um erro usar uma consigna malufista sem apresentar um conteúdo claro”, diz o deputado Renato Simões. “Ele precisa elaborar melhor as idéias”, aconselhou Marta Suplicy, prefeita de São Paulo.

Genoino, no entanto, explica como vê a polícia atuando: “Tem sentido você ir na Assembléia ou na Câmara e ver um monte de policiais militares? Eles têm de estar na rua fazendo ronda. A população prefere ser parada na rua por um policial para mostrar a carteira de identidade do que ser parada com um revólver no ouvido”.

Genoino garante que a posição assumida publicamente sobre a segurança pública foi elogiada pela maioria dos colegas de partido. Diz ainda que o PT não pode – “como sempre acontece nas campanhas” – ficar atrás na questão da segurança. “Eu quero sair na frente. Quero ser governador! Até para dizer que essa bandeira não pode ser do Maluf, porque ele não tem credibilidade para dar segurança. Quero tirar a Rota do palanque malufista.” O candidato ao governo paulista pelo PT acredita que possa contar com uma Rota bem comandada e que aja dentro de princípios democráticos. “Não sou contra a Rota, mas sim contra ela sair por aí atirando. Força sim, violência não!”, diz. “Eu vou extinguir a Rota? Não dá! Se acontecer um seqüestro ou uma rebelião num presídio, como vou agir? Meu lema é mudar sem mudar de lado.”

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