1982-2002

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Genoino, pelo mercado e contra o corporativismo - 1999

Na semana em que a queda do Muro de Berlim completa dez anos, o líder do PT na Câmara, José Genoíno Neto (SP), está propondo oficialmente dentro do partido que seja adotado um programa de governo em que não se descarte a continuação do programa de privatizações, a “convivência democrática com a iniciativa privada” e o desembarque do PT da defesa dos interesses do sindicalismo ligado ao servidor público.

A queda do Muro marcou o fim da era do chamado socialismo real, que tinha na ex-União Soviética seu principal sustentáculo. As teses que Genoíno defende se afastam das tendências radicais que fazem parte do PT, devem provocar grande controvérsia no partido e antecipam o debate interno com relação às teses que o partido deverá defender na campanha presidencial de 2002.

“Eu não tenho mais o marxismo como referência e no PT este pensamento nunca foi hegemônico, o partido sempre teve várias matrizes ideológicas”, disse. Para Genoíno, “o PT deve concentrar a sua proposta na universalização dos direitos e das oportunidades, resgatando a idéia do socialismo libertário”.

Para ele, o PT tem de dar um salto de qualidade, e para isto estão faltando três coisas: “Um projeto mais claro para administrar o País, a abertura para o diálogo com a sociedade eliminando a defesa de interesses corporativos e a superação das brigas internas”, afirmou Genoíno.

De acordo com o parlamentar, que foi militante do PC do B, guerrilheiro no Araguaia e dirige uma tendência interna do partido chamada Democracia Radical, “o mercado precisa ser democratizado, e não extinto”.

Segundo Genoíno, a defesa de um modelo estatal deve ser abandonada pelo PT. “Defendo que o sistema de privatização que existe hoje seja revisto, para que o Estado tenha uma relação de parceria com a iniciativa privada, e não a financie”, disse o deputado, citando como exemplo a telefonia.

“A venda das telefônicas estaduais era plenamente admissível, mas a Embratel deveria permanecer estatal como maneira de melhor se controlar uma área de concessão pública.”

Reestatização não

Na campanha eleitoral para a Presidência no ano passado, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a admitir a hipótese de anular a privatização do sistema Telebrás e reestatizá-lo. “Hoje, acho que o processo de privatização deveria ser interrompido por alguns meses para que o governo fizesse uma avaliação do que foi feito e até mesmo rever os contratos, mas sem reestatização”, disse.

Segundo Genoíno, o partido iria se aproximar mais da sociedade, caso “eliminasse a defesa exagerada do interesse de certas categorias”.

Neste sentido, o deputado é ousado: ele defende a supressão no texto constitucional da proteção a direitos adquiridos. “Não pode existir direito adquirido para a manutenção de privilégios que caracterizam desigualdade”, disse, afirmando ser favorável a um teto no pagamento de aposentadorias ao qual teriam de se ajustar mesmo os benefïcios já pagos.(C.F.)

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