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1982-2002

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Artigos


Guerrilha e terror

A tomada da embaixada japonesa em Lima pelo Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) colocou novamente na ordem do dia a discussão do uso da violência na atividade política e os problemas relacionados à guerrilha e ao terror. Embora muitas vezes no discurso político e até mesmo na imprensa se confunda os termos guerrilha e terrorismo, o fato é que existe uma diferença conceitual clara entre os dois.

A guerrilha, tal como ficou conhecida historicamente, age para conquistar territórios visando estabelecer uma base de contra-poder. Seu objetivo principal é chegar ao governo para mudar a ordem social e política. Para isso, se predispõe a fomentar a guerra civil ou a revolta popular como meios para derrubar o governo estabelecido e a ordem institucional vigente. Busca o reconhecimento internacional e, nas suas ações, leva em consideração o cálculo estratégico-militar e político. Busca também legitimar-se junto à opinião pública para facilitar os seus objetivos.

Diversamente, o terrorismo não leva em considerações as razões e as motivações aqui descritas. Seus atos assumem um caráter espetacular e, geralmente, provocam crimes hediondos com a morte indiscriminada de pessoas que não têm ligações com a política. Os atos terroristas têm pouco impacto político, mas produzem comoções emocionais. No final do século passado a maior parte dos grupos terroristas era composta de anarquistas. No século XX existiram grupos terroristas de esquerda e de direita. As Brigadas Vermelhas, que agiram na Itália, eram de esquerda. Na Itália agiram também, recentemente, grupos neofascistas (de direita) que promoveram atentados em estações de trem provocando a morte de dezenas de pessoas. Igualmente de direita é o terrorista que no ano passado assassinou Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel.

Os terroristas agem individualmente ou em grupo. Através de seus atos extremos, que muitas vezes resultam na própria morte, pretendem ressaltar o seu heroísmo e exaltar exemplarmente o seu ideal. Pode-se cogitar também que os terroristas, que não hesitam em explodir junto com as bombas que carregam, são suicidas patológicos. Há ainda o terrorismo patrocinado pelo Estado e o terrorismo de Estado. Líbia, Irã e Sudão, entre outros, são países acusados pelos EUA e pela imprensa americana e européia de patrocinarem o terrorismo. O terrorismo de Estado normalmente está associado à feroz repressão de governos ditatoriais ou totalitários, que agem sem nenhuma legalidade para perseguir adversários ou até para massacrar vítimas inocentes. Os governos de Stálin na ex-União Soviética, e de Hitler, na Alemanha, patrocinaram em larga escala o terrorismo. As ditaduras militares da América Latina também promoveram o terrorismo de Estado.

No caso do Peru, como a imprensa vem noticiando, tudo indica que o governo Fujimori pratica terrorismo de Estado. As formas como o governo trata os prisioneiros políticos ferem todas as convenções internacionais e agridem os direitos humanos. Quanto ao MTRA, a imprensa internacional define o grupo como guerrilheiro. Na América Latina ainda existem importantes focos de guerrilha. Uma das principais razões para que isto ocorra é a ausência de uma reforma agrária e a concentração de uma imensa massa de favelados em torno das grandes cidades. Ou seja, as injustiças sociais, a exclusão e a repressão são fontes geradoras de violência política.

Mesmo assim, foram conseguidos importantes avanços no sentido de institucionalizar e legalizar a luta política dos movimentos populares. Na Colômbia, o grupo guerrilheiro M19 se transformou em partido político. Em El Salvador, depois de anos de guerra civil, a Frente Farabundo Martí, em acordo de paz assinado com o governo também se transformou em partido. O mesmo aconteceu recentemente na Guatemala. Depois de uma guerra civil que durou décadas e provocou a morte de 150 mil pessoas, guerrilha e governo assinaram um acordo de paz. Este também poderia ser o caminho do Peru se não fosse a intransigência da ditadura institucional de Fujimori.

Quanto ao terrorismo, uma análise do especialista no assunto, Walter Laqueur, publicada na Foreign Affairs (Ver edição brasileira, Gazeta Mercantil 8/11/96) indica que sua incidência tende a aumentar. O terrorismo, que no passado foi de esquerda e de direita, hoje é preponderantemente étnico, separatista e religioso. Com a aproximação do fim do milênio, segundo Laqueur, as seitas mileranistas e apocalípticas, que se julgam portadoras de uma verdade divina qualquer, se sentem no direito de apressar o fim dos tempos e de contribuir com o processo de aniquilação do mundo corrompido. O atentado com gás sarin no Metrô de Tóquio, perpetrado pela seita da Verdade Suprema, e os seguidores da seita do Ramo Davídico que foram aniquilados pelo FBI, no Texas, parecem ser expressões do novo tipo de terrorismo. O agravante é que esses grupos e indivíduos estão dispostos a lançar mãos de armas químicas, biológicas e até mesmo nucleares o que pode provocar tragédias de grandes proporções.

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